Portugal registou 40.945 novas infeções com o SARS-CoV-2 nas últimas 24 horas, um novo máximo desde o início da pandemia, e mais 20 mortes associadas à covid-19.
A ministra da Saúde, Marta Temido, já assumiu as fragilidades na linha Saúde 24 – que no momento atual da evolução da pandemia de covid-19 é dos serviços mais pressionados – e admitiu que esta não está a responder a todas as solicitações, reiterando que está a ser efetuado um reforço de meios, mas que este é gradual. Uma chamada pode ficar horas à espera. Ou nem chegar a ser atendida, deixando rastreamentos por concluir.
Desde o início do ano a linha já atendeu mais de 850 mil chamadas, numa média de 90 mil por dia útil, segundo dados hoje divulgados pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde. O total de atendimentos foi sete vezes e meia superior à primeira semana de novembro, na qual foram atendidas cerca de 72 mil chamadas, muito devido ao grande número de novos casos de infeção registados desde que se generalizou a infeção pela variante a Ómicron – mais transmissível.
A falta de resposta desta linha, bem como nos cuidados de saúde primários, também leva a que muitas situações de “falsas urgências” acabem no hospital, contribuindo para o aumento da pressão hospitalar, numa altura em que os internamentos têm aumentado – apesar de a situação não se comparar, até ao momento, ao número de internamentos do ano passado.
O boletim epidemiológico diário da DGS regista um aumento do número de pessoas internadas em enfermaria, contabilizando 1.635 internamentos, mais 71 do que na terça-feira, bem como um crescimento nas unidades de cuidados intensivos (mais 14), somando agora 167.
A pressão hospitalar vê ainda um agravamento da dificuldade na resposta, numa altura em que muitos profissionais estão infetados com o coronavírus e os administradores hospitalares alertam que estão com dificuldade em completar as escalas.
Consideram ainda que o aumento de casos de doentes internados por motivos não covid-19 que testam positivo à entrada representa um desafio acrescido, mas globalmente os hospitais têm respondido sem parar à atividade programada.
O jornal I escreve hoje que nos hospitais de Santa Maria e São João são já mais de metade os internamentos em enfermaria covid de doentes admitidos por outras causas, como, por exemplo, cirurgias. Acrescentando que o Hospital de Santa Maria já teve de abrir uma enfermaria específica para doentes que são admitidos para serem operados e que, ao serem testados (protocolo antes do internamento) acusam positivo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o mundo registou na semana passada um número recorde de mais de 15 milhões de infeções com o coronavírus, um número que considera, ainda assim, subestimado.
Neste sentido, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) insiste que “a vacinação continua a ser uma parte essencial da abordagem para combater a pandemia em curso”, e apela à administração de doses de reforço e ao início do esquema vacinal para os que ainda não foram inoculados.
O regulador da UE assinala que estudos recentes “mostram que a vacinação continua a proporcionar um elevado nível de proteção contra doença grave e hospitalização ligadas à variante [de preocupação] Ómicron”.
“As últimas evidências [científicas], que incluem dados de eficácia no mundo real, sugerem também que as pessoas que tiveram uma dose de reforço estão mais bem protegidas do que aquelas que apenas receberam o seu curso primário” de vacinação, especifica.
A EMA refere ainda que estudos clínicos realizados no Reino Unido dão conta de uma perda da proteção “alguns meses após a vacinação”, que pode ser colmatada com a dose de reforço, que faz subir esta percentagem para os 90%.
Em Portugal, segundo o relatório diário da vacinação, mais de 3,5 milhões de pessoas já receberam a dose de reforço da vacina contra a covid-19. Os dados da DGS indicam também que cerca de 300 mil crianças entre os 5 e os 11 anos já iniciaram a vacinação contra a covid-19.
Esta dose já foi inserida nos certificados de vacinação, indicando o esquema 3/3. A partir de 1 de fevereiro, passará a haver, na União Europeia, um prazo de validade com indicação do esquema vacinal primário – 1/1 (para vacinas de dose única) e 2/2 (para vacinas de duas doses), que terão uma validade de 270 dias após a data de administração da dose que completa o esquema, mas “os certificados de vacinação que atestem a administração de doses de reforço não estarão sujeitos a um período de aceitação”.
O certificado de vacinação com indicação da dose de reforço ficará disponível 14 dias após a data da administração, até lá pode continuar a usar-se o anterior.
Válido para todos, independentemente das doses, mas principalmente se já passaram seis meses desde que tomou as duas doses da vacina, são os cuidados que deve continuar a adotar: respeitar a distância de segurança - pelo menos dois metros -, usar máscara, boas regras de higiene das mãos e cumprir as medidas de etiqueta respiratória - cobrindo o nariz e a boca com um lenço descartável ou com a dobra do cotovelo sempre que espirrar ou tossir.
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