Numa mensagem hoje enviada aos paroquianos das igrejas de São Nicolau e da Madalena, em Lisboa, o padre Mário Rui informa que foi levantado o seu "afastamento preventivo".

"As situações de abuso sexual causaram demasiadas vítimas que arrastam ainda hoje consigo demasiada dor e amargura. Uma só vítima já era demasiado. A Igreja impôs tolerância zero para este cancro moral. Não juntemos a estas verdadeiras vítimas inocentes, que exigem justiça, outras vítimas também elas inocentes", diz o padre na carta enviada aos paroquianos e que o SAPO24 teve acesso.

Em março, Mário Rui Pedras confirmou que estava na lista de alegados abusadores entregue pela Comissão Independente. No entanto, o padre sempre afirmou estar "inocente" e falava em "profunda injustiça", garantindo que tudo faria para "desmascarar" quem o difamou de forma "anónima, caluniosa, sem qualquer elemento útil ou prestável para investigação".

"Nessa denúncia alguém refere ter sido vítima de abusos por mim perpetrados, os quais teriam ocorrido na década de 90, quando frequentava o 8º ano, num colégio da periferia de Lisboa”, diz, acrescentando que “essas imputações são totalmente falsas”.

Mário Rui Pedras diz que ao longo da sua vida sacerdotal não praticou “o que quer que fosse de censurável, seja pelo prisma da lei canónica, pelo prisma da lei civil ou da ética comportamental” e lamentou que a denúncia não tivesse informações, como a identidade da "inventada vítima", o local onde os "falsos abusos" ocorreram e o nome de "potenciais testemunhas".

Associações de apoio especializado à vítima de violência sexual:

Quebrar o Silêncio (apoio para homens e rapazes vítimas de abusos sexuais)
910 846 589
apoio@quebrarosilencio.pt

Associação de Mulheres Contra a Violência - AMCV
213 802 165
ca@amcv.org.pt

Emancipação, Igualdade e Recuperação - EIR UMAR
914 736 078
eir.centro@gmail.com

De acordo com o documento enviado esta quinta-feira, o sacerdote confirmou o levantamento do seu "afastamento preventivo", dizendo tratar-se de uma "medida justa", depois de D. Manuel Clemente ter confirmado o seu regresso ao "exercício público do ministério", no dia 14.

"A justiça foi reposta, mas o dano manter-se-á", pode ler-se na carta.

"Tudo por obra do um qualquer autor de uma denúncia cobarde, feita de forma anónima e totalmente falsa. O autor dessa calúnia fica entregue ao cuidado e ao juízo misericordioso de Deus", afirmou o padre, lamentando ainda que a "Comissão Diocesana cedeu à fortíssima pressão mediática", não sendo capaz de fazer uso da "ponderação exigida diante de uma denúncia anónima e difamatória", ao recomendar o seu afastamento imediato.