O caso, noticiado pelo The Guardian, revela a crença dos envolvidos de que a fé seria suficiente para a cura da criança. Elizabeth Struhs morreu em casa, entre os dias 6 e 7 de janeiro de 2022, vítima de cetoacidose diabética, uma condição potencialmente fatal quando a diabetes não é tratada.

Jason Struhs, o pai, demorou 36 horas a chamar a ambulância após a morte da filha Elizabeth. Quando as autoridades chegaram à casa da família, em Rangeville, Toowoomba, ouviram cânticos. O grupo religioso, descrito como uma seita, rezava pela ressuscitação da criança.

"Não estou a pular de alegria, mas estou em paz", disse Jason Struhs a um agente policial. "Dei à minha menina o que ela queria. E espero que Deus cuide dela".

Na passada quarta-feira, o juiz Martin Burns declarou Jason Struhs, a líder da seita Brendan Stevens, a mãe de Elizabeth, Kerrie Struhs, o irmão Zachary e outros 10 membros do grupo culpados de homicídio por negligência grave. A sentença será anunciada a 11 de fevereiro, mas os envolvidos arriscam penas significativas de privação de liberdade.

Os pais, movidos por uma fé extrema, optaram por retirar a insulina à filha, acreditando que a cura viria através da oração. Kerrie Struhs já tinha sido condenada em 2019 por recusar tratamento médico à filha, que nessa altura entrou em coma. Na ocasião, Jason contrariou a esposa e levou Elizabeth ao hospital. No entanto, Kerrie viu a recuperação da filha como uma intervenção divina, reforçando a sua crença de que os cuidados médicos eram desnecessários.

Após cumprir pena, Kerrie regressou à família e, meses depois, decidiram suspender novamente o tratamento da filha.

Agora, neste segundo episódio, o estado de saúde de Elizabeth agravou-se drasticamente em poucos dias: deixou de comer, depois de se movimentar e, por fim, perdeu a capacidade de falar. Durante o tempo em que agonizava, a seita rezava, convicta de que Deus a salvaria.

Segundo a SkyNews, o juiz considera que Jason Struhs foi "manipulado" pela sua esposa e outros membros da seita para negar medicamentos à filha. O curso do julgamento revelou que o pai da menina era um convertido relutante à seita religiosa, apenas desde 2019.