“No que diz respeito à opção para o Ministério das Finanças, é com alguma incompreensão que verificamos que António Costa aposta no nome de Fernando Medina, seja pelos episódios recentes na Câmara Municipal do fornecimento de dados à embaixada russa, dos ativistas, mas também porque ao longo do seu mandato na Câmara Municipal de Lisboa não lhe foi conhecida propriamente a capacidade de diálogo que o Ministério das Finanças vai ter que ter”, afirmou a porta-voz do partido.
Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, depois de conhecido o elenco de ministros do XXIII Governo, Inês Sousa Real afirmou que espera que esta escolha não espelhe “um Governo de maioria absoluta incapaz de dialogar”.
Defendendo que “o diálogo vai ter que ser fundamental”, a deputada salientou que “o momento que o país e o mundo vivem assim o exige”.
A líder do partido Pessoas-Animais-Natureza considerou igualmente que o Ministério das Finanças “sempre ficou marcado pelo facto de ter à frente pessoas com alguma capacidade técnica ligada a estas matérias, foi assim com Mário Centeno, mas também com o ministro Leão”, e apontou que, “nesse sentido, a política das contas certas ou do equilíbrio das contas públicas de alguma forma pode estar aqui posta em causa”.
Admitindo a existência de “alterações profundas” face ao executivo que vai terminar funções, Inês Sousa Real ressalvou que “não existe uma reforma estrutural do ponto de vista daquilo que médio e longo prazo é expectável para o país”.
“António Costa fala muito num governo de combate, nós não precisamos de um Governo de combate, não são esses os chavões que temos de ouvir a este tempo, mas sim de um Governo capaz de dar as respostas que o país precisa”, salientou.
E considerou que “tem que ser um Governo a pensar no presente e no futuro, e não apenas um Governo de ocasião sem uma visão estratégica para o país”.
Ainda assim, a porta-voz do PAN saudou que seja “primeira vez um Governo do ponto de vista da igualdade de género que marca pela positiva”.
No que toca a outras áreas, Inês Sousa Real criticou que o Ministério do Mar deixe de ser autónomo, sendo incluído na Economia, e pediu atenção para as medidas de “adaptação do território às alterações climáticas”.
Já quanto ao próximo ministro do Ambiente, o PAN espera que Duarte Cordeiro “mantenha a capacidade de diálogo” que demonstrou enquanto secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares.
“Preocupa-nos que o Ambiente e Energia tenham a mesma Secretaria de Estado. Sabemos que o Fundo Ambiental é muito apetecível, não podemos de forma alguma desvirtuar os investimentos na preservação dos ecossistemas e no combate aos incêndios e permitir que existam investimentos canalizados do Fundo Ambiental para projetos do ponto de vista energético que não estejam profundamente alinhados com a transição energética que o país tem que fazer”, alertou ainda.
O primeiro-ministro, António Costa, apresentou na quarta-feira ao Presidente da República, a composição de um Governo com 17 ministros, menos dois do que no anterior.
Este é o terceiro Governo chefiado por António Costa e o seu primeiro com maioria absoluta. Pela primeira vez, a composição de um executivo conta com mais mulheres do que homens, excluindo o primeiro-ministro.
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