O anterior recorde para um mês de outubro havia sido registado em 2002 (2.761 fogos) pelo INPE, órgão vinculado ao Governo Federal que começou a fazer estas medições em 1998.
Em setembro último, o Pantanal brasileiro registou 8.106 focos de incêndio, o seu maior número de sempre para qualquer mês.
Situado na região centro-oeste, o Pantanal é uma planície que tem 80% de sua área inundada na estação chuvosa e é considerado um santuário de biodiversidade, onde ainda se encontra preservada uma fauna extremamente rica, que inclui animais como o jacaré, arara-azul ou onça-pintada, espécie classificada como “quase ameaçada” de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza.
Contudo, atravessa agora uma situação preocupante, ao enfrentar os piores incêndios das últimas décadas.
Especialistas indicam que o aumento das chamas na zona húmida do Pantanal se deve ao aumento da desflorestação ilegal, que vem crescendo gradativamente a cada ano, causando uma série de mudanças climáticas, como a alteração do ciclo natural das chuvas.
Este ano não choveu o suficiente durante a temporada, o que baixou os níveis de humidade do Pantanal para os menores índices dos últimos anos.
Contudo, apesar da seca, as autoridades policiais do país investigam suspeitas de ação criminosa e apontam indícios de uma relação entre os fogos que lavram no Pantanal com fazendas.
Pelo menos quatro produtores rurais são investigados pela destruição de 25 mil hectares do Pantanal, no estado do Mato Grosso do Sul. As autoridades suspeitam que os fazendeiros tenham colocado fogo em vegetação nativa para transformá-la em pastagem para criação de gado.
Diferentemente da Amazónia, o Pantanal brasileiro é divido em propriedades privadas, onde fazendeiros desenvolvem atividades agropecuárias adaptadas ao clima e às condições da região há séculos e que tradicionalmente convivem em harmonia com o meio ambiente.
Porém, embora exista um bom convívio entre atividade humana e o meio ambiente, o fogo é uma ferramenta usada no trabalho na terra no Pantanal e se for aplicado sem o olhar atento dos agentes públicos pode causar graves danos, como os que estão a ocorrer este ano.
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