“A rápida propagação da poliomielite ameaça todas as crianças de Gaza, já enfraquecidas pela deslocação, privação e má nutrição. Apelo a um cessar-fogo humanitário imediato de três dias para permitir a vacinação pela Organização Mundial de Saúde [OMS] e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância [UNICEF] – independentemente de negociações mais alargadas”, pediu Josep Borrell, numa publicação na rede social X (antigo Twitter).
“A nossa humanidade exige-o”, adiantou o responsável.
A posição surge um dia depois de o Ministério da Saúde do Governo da Faixa de Gaza, controlado pelo movimento islamita palestiniano Hamas, ter confirmado que mais de 1,2 milhões de vacinas contra a poliomielite chegaram ao enclave.
Também no domingo, a Autoridade Palestiniana indicou que chegou a Gaza o primeiro lote de vacinas e que se estava a trabalhar para fornecer mais 365 mil doses nos próximos dias, numa campanha para administrar duas doses da vacina a 640 mil crianças até aos 10 anos.
Estes anúncios surgiram depois de a Coordenação de Atividades Governamentais nos Territórios, a autoridade militar israelita responsável pelos territórios palestinianos, ter anunciado que as vacinas tinham entrado na Faixa de Gaza através da passagem de Kerem Shalom em coordenação com a OMS e a UNICEF.
As Nações Unidas tinham na sexta-feira apontado como objetivo enviar 1,6 milhões de doses de vacinas contra a poliomielite para a Faixa de Gaza.
O caso de poliomielite detetado em 16 de agosto – o primeiro na Faixa de Gaza em 25 anos – já causou a paralisia do bebé de 10 meses, não vacinado, cuja vida corre perigo, informou o secretário-geral da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA), Philippe Lazzarini.
O responsável apelou, por isso, a uma pausa nos combates para poder realizar a campanha de vacinação em segurança.
Em 19 de julho, a OMS confirmou a descoberta do poliovírus em amostras ambientais que recolheu em Gaza, o que levantou receios de um surto no enclave.
Para além da poliomielite, existe uma elevada incidência de doenças infecciosas da pele, bem como de diarreia e um surto de mais de 40 mil casos de hepatite A, que se propagou especialmente em campos de deslocados sobrelotados.
A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 40 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.
A partir de 07 de outubro, a violência também se intensificou na Cisjordânia, território palestiniano desde 1967 ocupado por Israel.
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