“A situação no país está difícil e exigente”, afirmou o líder do PCP, considerando que “a direita ganhou mais músculo, ganhou mais força, ganhou mais fôlego com o resultado das eleições legislativas”, mas “não tem as mãos livres para concretizar os seu projeto e os seus objetivos”.

No discurso de inauguração do novo centro de trabalho do PCP, em Alcobaça, no distrito de Leiria, Paulo Raimundo apontou como “sinais” desta convicção as “históricas” adesões da população às comemorações dos 50 anos do 25 de abril e à manifestação do 1.º de Maio.

“Não tenho nenhuma dúvida de que a direita não tem as mãos livres”, explicou Paulo Raimundo à agência Lusa, vincando que o Governo de Luis Montenegro “está a criar duas linhas de ideias para justificar o incumprimento das promessas que fizeram na campanha eleitoral”.

A primeira, a da “vitimização, de ‘ai, ai, ai não nos deixam trabalhar'” e, a segunda, a de que teriam “encontrado uma situação diferente daquela que esperavam”.

Para Paulo Raimundo, o cenário é outro, de “uma direita que tem um projeto, que tem uma opção que está ao serviço dos grandes grupos económicos”, disse, dando como exemplos “um programa, na saúde, para privatizar ainda mais” ou as 30 medidas do programa de habitação que “não corresponde às necessidades”.

Por vontade do PCP, “este Governo não estaria em funções”, acrescentou Paulo Raimundo, antevendo que não tendo “as mãos livres para cumprir o que prometeu”, a coligação PSD/CDS “vai ter que levar, ai ter que levar, no bom sentido, com os professores, com as forças de segurança que funcionários judiciais, os trabalhadores da saúde e por aí fora”.

Na inauguração do novo centro de trabalho de Alcobaça Paulo Raimundo manifestou ainda confiança “na batalha para o Parlamento Europeu” onde considera que os comunistas têm feito “um trabalho exemplar”.

Confiante nos candidatos que o partido apresenta em praticamente todos os distritos do país, Paulo Raimundo afirmou-se preparado para uma campanha eleitoral em que o PCP não irá permitir os restantes partidos “fujam ao debate que é preciso fazer” na sequência da aprovação, no Parlamento Europeu, da nova forma de governação económica que terá para o país “consequências, desde logo, com um corte na despesa pública de 2,8 mil milhões de euros já no próximo ano”.