Em comunicado, a Direção da Organização Regional do Porto (DORP) do PCP, que espera que a situação ainda possa ser revertida, destaca a "notável postura de dignidade” que os trabalhadores assumiram ao longo de todo o processo, "recusando o encerramento fraudulento pretendido pelos proprietários e assumindo a gestão da cervejaria".
A Cervejaria Galiza, no Porto, encerrou na terça-feira depois de os trabalhadores não terem conseguido chegar a acordo com o administrador de insolvência numa reunião ocorrida na segunda-feira, informou em comunicado o Sindicato de Hotelaria do Norte.
De acordo com o PCP, durante os oito meses em que assumiram a gestão, os trabalhadores mantiveram o estabelecimento aberto, pagaram dívidas a fornecedores, regularizaram salários em atraso e mantiveram os salários em dia, “provando que a empresa é viável”.
Para os comunistas, "o processo demonstra uma inaceitável postura do Governo que, ao longo de todo este período, nunca esteve disponível para reunir com os representantes dos trabalhadores, sendo objetivamente conivente com este desfecho e eventuais objetivos que possam orientar a ação dos atuais proprietários e eventuais interessados neste desfecho".
O Tribunal de Comércio de Vila Nova de Gaia declarou a 04 de junho a insolvência da Sociedade Atividades Hoteleiras Galiza Portuense, proprietária da Cervejaria Galiza, na sequência do requerimento apresentado pela Sociedade Real Sabor, de Vila Nova de Gaia, no qual reclama 11.951 euros, havendo 30 dias para a reclamação de créditos.
A decisão de encerrar o estabelecimento surge numa altura em que o Sindicato da Hotelaria do Norte aguarda por uma resposta do Governo ao pedido de reunião endereçado logo após ter sido conhecida a sentença, uma vez ser o Estado o maior credor da sociedade detentora da cervejaria, com dívidas acumuladas em novembro de 2019, ao fisco e à segurança social, de cerca de dois milhões de euros.
"A direção do sindicato lamenta o encerramento da Galiza, pois o restaurante é viável, mesmo em tempos de pandemia aguentou-se e os salários foram sempre pagos", salientou o sindicato.
A esperança dos cerca de 30 trabalhadores da cervejaria recai agora no desfecho da assembleia de credores, agendada para 04 de agosto, e na eventualidade de aparecimento de um investidor que garanta os postos de trabalho e calendarize o pagamento das dívidas.
Fundada a 29 de julho de 1972, no início de novembro de 2019, os então 33 trabalhadores da histórica cervejaria do Porto foram surpreendidos com uma tentativa de encerramento coercivo das instalações pela gestora da empresa, acabando por organizar-se e, desde então, assegurar a gestão diária do espaço.
Comentários