Numa declaração política na Comissão Permanente do parlamento, a deputada do PCP Alma Rivera defendeu que “é tempo de usar o voto como arma para defender os valores da justiça e da solidariedade”.

“O país não precisa de mais política de direita cor-de-rosa ou laranja, mais aprumadinha ou mais estridente, o país precisa de um verdadeiro safanão que reponha justiça nas nossas vidas”, considerou.

Alma Rivera salientou a mudança de política “é uma necessidade para a esmagadora maioria da população”, mas “não para os 5% mais ricos que concentram nas suas mãos 42% de toda a riqueza nacional”.

“Para esses, a política de direita está-lhes bem. Venha de onde vier, de um PS sem empecilhos, como lhes chamou um dos seus deputados, ou do PSD, IL ou Chega. Desde que continue tudo na mesma”, criticou.

A deputada comunista disse que, por saberem “que tudo deve mudar para que tudo fique como está”, é que os “donos disto tudo” começaram a “financiar e a promover novos protagonistas para praticar a mesmíssima política de direita”.

“Apostam também em novos cavalos, tendo a garantia de que tudo se manterá na mesma: o de cima sobe e o de baixo desce. Uma minoria com tudo e uma maioria com quase nada”, afirmou.

Alma Rivera defendeu que é necessária uma política que “resolva os problemas”, considerando que há atualmente “uma promiscuidade entre o poder político e o económico”, e fez várias críticas à atuação do Governo em áreas como a habitação, a saúde, agricultura, telecomunicações ou forças de segurança.

“Temos em breve uma oportunidade para mudar, não só de caras, mas de políticas”, defendeu, apelando ao voto na CDU nas próximas legislativas.

Por sua vez, o BE, através do seu líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, dedicou a sua declaração política ao “tremendo aumento” dos lucros da banca em 2023, salientando que se prevê que correspondam a “mais de cinco mil milhões de euros, cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional”.

“Qual é a explicação para estes números? A explicação é simples: chama-se margem financeira”, referiu, salientando que essa margem corresponde à diferença entre os juros que a banca cobra pelos empréstimos e os que paga pelos depósitos.

Segundo Pedro Filipe Soares, “a banca portuguesa paga muito menos pelos depósitos que tem do que a banca europeia” e, em sentido contrário, “faz cobrar muito mais do que a média europeia” no que diz respeito aos empréstimos, em particular na habitação.

O deputado bloquista acusou o Governo de não ter feito nada sobre esta matéria, salientando que a Caixa Geral de Depósitos, totalmente detida pelo Estado, faz “exatamente igual” ao resto dos bancos, o que considerou mostrar “a insensibilidade da banca nacional, mas também do Governo PS”.

Pedro Filipe Soares disse que o BE tem “uma proposta direta e simples” para responder a esta situação, designadamente usar a margem da Caixa Geral de Depósitos “para baixar a taxa de juro cobrada em 1,5 pontos percentuais”.

“Um crédito [à habitação] de 150 mil euros, a 30 anos, poderá ter uma redução de encargos de 1.600 euros por ano. Isto é baixar as contas das famílias”, defendeu, acrescentando que essa proposta prevê também que os clientes possam passar para a Caixa caso os outros bancos não ofereçam as mesmas condições.

O líder parlamentar do BE considerou que é a coragem para implementar este tipo de medidas que vai a votos no dia 10 de março, apelando a que se use a Caixa Geral de Depósitos “para forçar toda a banca nacional a defender as famílias”.