Em entrevista à agência Lusa, a propósito das eleições legislativas de 06 de outubro, a cabeça de lista pelo círculo de Lisboa do PCTP/MRPP, Maria Cidália Guerreiro, fez “uma avaliação negativa” da maioria parlamentar de esquerda que suporta o Governo do PS, a chamada ‘geringonça’.
“Não correspondeu de facto às necessidades e ao que era expectável. Só existiu porque teve o apoio, neste caso, do PCP e do Bloco, que acabaram por votar a favor de todos os orçamentos”, lembrou.
A candidata considerou que o PCP e o BE viabilizaram “a existência, permanência e continuidade de um Governo que não deu resposta às questões essenciais”, mas que “apenas conseguiu responder aos compromissos internacionais” e que esteve “essencialmente vocacionado e direcionado para pagar uma dívida”.
“Foram quatro anos em que o principal objetivo foi pagar uma dívida que é impagável e que foi tentar reduzir o défice, que são imposições da União Europeia”, afirmou, sublinhando que uma “das primeiras medidas” do PCTP/MRPP “é a saída” de Portugal da União Europeia, do Euro e, “naturalmente, o não pagamento de uma dívida, que está a retirar toda a soberania” económica, monetária e bancária.
Para a cabeça de lista por Lisboa, não “é apenas” da responsabilidade do PS as consequências desta governação, mas de todos aqueles que a viabilizaram e fizeram esta aliança.
“Não podemos esquecer que não foi o PS que ganhou as eleições. Portanto, isto formou-se com a vontade de chegar ao poder e não para resolver os problemas. Os problemas essenciais não estão resolvidos”, sustentou.
Maria Cidália Guerreiro criticou também os órgãos de comunicação social por estarem “sistematicamente” a passar a ideia de que o Partido Socialista vai obter uma maioria absoluta a 06 de outubro, apelando para que os eleitores votem depois de fazer uma reflexão sobre os últimos quatro anos.
A candidata considerou que “não existiu um investimento público” nos principais setores, nomeadamente saúde, habitação e trabalho.
Nesse sentido, o PCTP/MRPP defendeu alterações ao Código de Trabalho e o alargamento das 35 horas semanais no setor privado e, na área da habitação, a revogação da lei das rendas, que está “a levar aos despejos e à especulação imobiliária”, bem como a municipalização dos solos.
Propondo “uma reforma na saúde” para que seja acessível para todos, a candidata frisa que deve ficar definido “a proibição de cativações na saúde”.
Caso o PCTP/MRPP consiga chegar à Assembleia da República, Maria Cidália Guerreiro promete “uma voz liberta de acordos, compromissos e jogos de poder”, prometendo “desmontar e denunciar todos os aspetos que no fundo não deixam que o país avance”.
A candidata considerou ainda que todos os partidos deviam estar preocupados com a abstenção, que chegou a níveis “elevadíssimos” nas eleições europeias realizadas em maio, frisando que deve ser feita uma leitura.
“Fazer a leitura de que os eleitores e que a população está completamente afastada e que não quer saber daqueles que o governam” ou da” desilusão que podem ter sobre o tipo de governo que se afigura”, uma vez que, neste momento, só se ouve falar sobre as alianças que se vão formar depois das eleições.
“São jogos de poder que estão a insistir apenas para fazer sobreviver um determinado sistema. Nós estamos do outro lado, o nosso foco é o outro. Daí que as medidas que propomos têm a ver com o desenvolvimento, mas sobretudo com as necessidades básicas da população”,
O PCTP/MRPP apresenta candidatos nos 22 círculos eleitorais como “o objetivo principal de demonstrar que o sistema capitalista e o seu modo de produção estão esgotados”.
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