“Aqui o que importa dizer é que cumprimos a lei e o que o regulamento prevê, [ou seja] comunicámos às autoridades competentes, e não é a Santa Casa que tem de avaliar mais o que se passa ou investigar, isso já é com outras entidades, não connosco”, afirmou Pedro Santana Lopes.
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa suspendeu na segunda-feira as apostas no Placard referentes à partida entre o Feirense-Rio Ave, da I Liga de futebol, que a equipa de Santa Maria da Feira venceu nessa noite por 2-1.
"O Departamento de Jogos (DJSCML) decidiu suspender a aceitação de apostas relativas ao jogo da Liga NOS entre o Feirense - Rio Ave, de hoje [segunda-feira], às 21:00, atendendo ao volume atípico de apostas registado e ao risco financeiro envolvido, cumprindo o disposto no art. 19º, alínea 8, da Portaria que regulamenta o jogo Placard", indicou a instituição em comunicado, divulgado na segunda-feira.
Já na quarta-feira, a Procuradoria-Geral da República informou à agência Lusa que “o Ministério Público decidiu instaurar inquérito” ao caso, precisando que o processo “corre termos no DIAP (Departamento de Investigação e Ação Penal) de Aveiro (Secção de Santa Maria da Feira)”.
Falando hoje sobre o assunto, Pedro Santana Lopes apontou que, “quando há um excesso de concentração de apostas, num prognóstico ou num jogo – cada jogo tem três prognósticos no Placard – num curto espaço de tempo, soam as campainhas de alarme”.
“Aliás, os operadores de jogos podem suspender as apostas nos jogos e nos prognósticos mesmo quando há apostas em excesso sem haver concentração só num certo período de tempo”, exemplificou, falando na “chamada responsabilidade financeira” em casos de risco.
Neste caso em concreto, Santana Lopes assinalou que, “se há uma concentração de apostas num prognóstico e o jogo prevê que se pague quatro ou cinco vezes o valor da aposta, isso dá uma responsabilidade muito grande para o operador”.
Questionado se poderão estar em causa suspeitas da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa de corrupção no Placard, o responsável vincou que “isso é uma ideia errada”.
“Se a Santa Casa não cumprisse o que tem de fazer, que ideia é que ficava no ar? E, portanto, são as autoridades competentes que têm de investigar e certificar-se de quem espoletou a situação”, acrescentou.
Pedro Santana Lopes, que falava aos jornalistas à margem da assinatura do Acordo de Empresa com vários sindicatos afetos às plataformas da CGTP e da UGT, no Museu de São Roque, ressalvou ainda que situações semelhantes se verificaram com outros jogos, a nível mundial: “Não foi só a Santa Casa nem foi um fenómeno localizado exclusivamente em território nacional”.
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