Alzira, de 77 anos, estava sozinha em casa quando o fogo chegou, como esperava que chegasse, e, assim que percebeu que seria uma luta impossível de travar, fugiu a pé apenas com "uma malinha com os documentos", e, já longe, viu a habitação, onde morava há mais de 40 anos, arder.
"Não consegui recuperar nada", conta à agência Lusa Alzira Luiz, hoje a morar em Moredos, às portas da vila de Castanheira de Pera, numa habitação arrendada.
A Segurança Social pagou-lhe a renda de 150 euros mensais até dezembro de 2020 e, a partir daí, nunca mais houve apoio, tendo assistido "a espetáculos dos senhorios" a exigirem-lhe o pagamento.
"Chegaram a dizer-me para sair daqui para fora", recorda.
Falou com a Câmara de Castanheira de Pera e os senhorios acabaram por nunca mais a chatear.
O nosso cantinho é o nosso cantinhoAlzira Luiz
A adaptação à nova casa também não foi fácil: "O nosso cantinho é o nosso cantinho. Pode parecer para as outras pessoas que não é bom, mas para nós é o melhor", diz, salientando que por ali o seu cão, de nome Max, tem de estar preso e também ela se sente algo presa, sem a sua casa e sem a sua horta, que era um entretém.
"Custa mais a passar o tempo", acrescenta.
Em Rapos, está apenas o trabalho de alvenaria feito (paredes e cobertura), pago pelo fundo Revita, faltando tudo o resto (acabamentos, instalação elétrica e canalização, chão, cozinha).
Dentro da casa, um ninho de andorinhas é marca do abandono.
Os quatro anos de espera não são fáceis de contar, nem de explicar. E mudando de interveniente, a história também ela muda.
"É um processo extremamente complicado de gerir", resume a presidente da Câmara de Castanheira de Pêra, Alda Carvalho.
Tudo começou com a atribuição da casa a um grupo de voluntários de Pombal intitulado ReConstruir Pinhal Interior Norte, liderado por Joel Silva, que se prontificou a reabilitá-la, ainda antes de ser certo como as casas destruídas seriam apoiadas.
A estrutura, conta Alzira Luiz, foi paga pelo Revita e o resto seria feito pelos voluntários.
A intervenção de alvenaria até demorou pouco tempo a ficar de pé, apontando para 2018 como o ano em que ficou concluída, mas sem dar certezas.
Segundo Alzira, depois é que veio o impasse: "Eles andavam a fazer outra casa na Figueira [concelho de Pedrógão Grande e que terminaram em dezembro de 2019] e disseram que iam acabar aquela e que depois vinham à nossa fazer tudo o resto. E nós confiámos. Mas o voluntariado desapareceu com as polémicas das casas", recorda.
Tentou telefonar-lhes, perceber quando fariam a sua casa, mas só no final de 2019 é que soube que o grupo de voluntários ia abandonar o projeto.
Posteriormente, contratou um arquiteto, teve que esperar pela autorização do anterior para a reformulação do projeto e espera agora que os papéis deem entrada na Câmara em breve.
Isto tudo porque a estrutura e o projeto, tal como está, é mais pequeno do que a casa que tinha, realça.
"Os quartos são mais pequenos, tinha duas salas, agora só tenho uma e a casa de banho também é muito pequena", frisa, salientando que o projeto agora irá estar mais ao encontro da sua vontade e necessidades.
Foi essa divergência sobre as dimensões e projeto da casa que terá estado no centro dos problemas entre Alzira e o grupo de voluntários.
Joel Silva, do grupo de voluntários, diz que a intervenção na casa de Rapos demorou inicialmente porque a família de Alzira teve que resolver um problema de partilhas, tendo adiado logo o processo para março de 2018, altura em que foi feita a demolição da casa ardida.
"A casa tinha uma área muito grande, mas não servia de nada para uma casa onde vivia só a dona Alzira e onde a neta passava lá algum tempo regularmente", afirma.
Queriam mais quartos, queriam mais área, queriam uma janela e eu cansei-meJoel Silva
Segundo o responsável do grupo, os desenhos propostos foram recusados três vezes por Alzira e ao quarto, quando havia a possibilidade de se avançar com o trabalho de alvenaria, a família aceitou, mas depois de ver a obra criticou-a.
"Queriam mais quartos, queriam mais área, queriam uma janela e eu cansei-me. Eu fazia 200 quilómetros, sábados perdidos, uma pilha de nervos e recusavam os desenhos porque queriam ter uma casa melhor", refere.
Joel salienta ainda que o próprio grupo não teria condições para assegurar tudo o que Alzira pretendia, quer em termos de materiais, quer em termos de recursos humanos, especialmente após o verão de 2018, em que estalou a polémica da eventual fraude nas reconstruções, e o projeto passou de 20 para três voluntários por sábado e perdeu doações de material.
Questionado pela Lusa sobre se Alzira não tinha o direito de ter uma casa próxima àquela que tinha antes de arder, Joel Silva respondeu que nunca percebeu tanta intransigência para alguém que "ia receber uma casa de borla".
Segundo o líder do grupo de voluntários, foi ainda em meados de 2019 que se desvinculou do projeto, comunicando essa intenção ao fundo Revita e à autarquia.
"Tenho muita pena de não entregar a chave à dona Alzira e tenho muita pena de não ver lá o Max, mas cansei-me", desabafou.
Para a presidente da Câmara, Alda Carvalho, o processo não foi conduzido da melhor forma. A autarca refere que a associação teve dificuldade em dar resposta ao projeto quando se deparou com falta de voluntários e materiais.
"Andámos em 2020 a tentar que a associação assumisse a obra, mas depois chegámos à conclusão que não daria e agora estamos a tentar resolver problemas inerentes", aclarou.
A autarquia espera agora que a família de Alzira apresente o novo projeto de arquitetura para depois ser feito um pedido de apoio junto do Revita para garantir o fim da obra.
"Eu sou a primeira que queria que este projeto estivesse concluído. Nós queremos a dona Alzira realojada na sua casa", referiu.
Questionada sobre se o processo tivesse sido assumido logo desde início pelo Revita em que ponto estaria a casa, Alda Carvalho não tem dúvidas: "Já estava concluída".
Numa resposta por e-mail, a Segurança Social (SS) afirmou que das 99 casas que o Fundo Revita tem diretamente a seu cargo cinco estão suspensas por causa do processo judicial em curso e cinco em execução.
A SS prevê que as obras "ficarão concluídas durante este ano".
Já sobre os apoios às rendas, a SS apenas referiu que está presente desde o início "no apoio à população afetada pelos incêndios".
Por enquanto, Alzira não tem grande esperança que vá já passar este natal à sua casa.
"Há quatro natais que oiço isso e cada natal passa e estamos assim. Estou cansada", lamentou.
Quatro anos depois, a paisagem está em “colapso”
O território afetado pelo incêndio de Pedrógão Grande é hoje marcado por um mar de eucaliptais, muitos deles abandonados, e o engenheiro florestal Paulo Pimenta de Castro alerta para uma paisagem "em colapso".
O eucalipto e, em algumas zonas, a acácia, são dominantes na paisagem afetada pelo grande incêndio de junho de 2017, tendo muitos regenerado livremente em terrenos onde é visível um claro estado de abandono.
Apesar de as faixas de gestão hoje serem mais ou menos cumpridas nas principais estradas da região, o mesmo já não acontece em estradas secundárias, e as marcas do incêndio ainda se mantêm por todo o território, com muitas árvores queimadas a persistirem, de pé, passados quatro anos.
Para o engenheiro florestal e presidente da Acréscimo - Associação de Promoção ao Investimento Florestal, o território "está em verdadeiro colapso", apelidando o extenso mar de eucaliptal abandonado de "epidemia".
Hoje, há "uma carga de muito maior risco" do que havia em junho de 2017, face à combinação da regeneração natural, do aumento do abandono das terras e do material queimado que persiste nos terrenos, disse à agência Lusa Paulo Pimenta de Castro.
Para o especialista, os últimos quatro anos, no que toca à área florestal, foram marcados por um "imobilismo".
Não é por ter uma área bem gerida que se escapa à fúria do fogoPaulo Pimenta de Castro
"Um dos problemas de quando se fica mais velho é que se vão perdendo as expectativas. Já tinha poucas expectativas depois dos incêndios de 2003 e de 2005 e poucas também em relação aos de 2017. Para serem criadas expectativas, não basta o anúncio de milhões de euros para o território. É preciso um corpo técnico que apoie os agricultores e os proprietários na alteração da paisagem", frisou.
Segundo Paulo Pimenta de Castro, o próprio modelo económico daquela região tem de ser alterado, apostando em culturas "que deixem riqueza nas regiões".
"Eu não vou questionar do ponto de vista ambiental [o investimento nos eucaliptos]. Eu ponho isto do ponto de vista do investidor. Qual a ideia de quem gasta dinheiro em replantações quando vemos ao redor uma epidemia? Não é por ter uma área bem gerida que se escapa à fúria do fogo", notou, recordando que as celuloses perderam mais de 10 mil hectares em 2017 em terrenos que seriam bem geridos.
De acordo com o especialista, o território precisa de "um exército no terreno" capaz de dar apoio técnico e comercial na intervenção na floresta e de uma aposta noutras culturas.
"Tem de haver um plano integrado, mas também um exército que o execute no terreno, porque estamos a falar uma população envelhecida, com pouca apetência para a mudança e sem acompanhamento de proximidade a tendência é de manter a inércia e a inércia impede que outros se acerquem desse território", afirmou o presidente da Acréscimo.
O incêndio que deflagrou ao início da tarde de 17 de junho de 2017, há quatro anos, no concelho de Pedrógão Grande, distrito de Leiria, provocou a morte a 66 pessoas e 253 feridos, sete dos quais graves, e destruiu cerca de meio milhar de casas e 50 empresas.
Muito pouco mudou
A presidente da Associação das Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG) afirmou ontem que "muito pouco mudou" em quatro anos e mostrou-se preocupada especialmente com a floresta, onde há muito por fazer.
"Pouco mudou ou muito pouco mudou de acordo com a expectativa criada. Foram tantas as promessas e olha-se para o território e para a floresta e tudo permanece igual. Há muito pouca alteração na paisagem", afirmou à agência Lusa Dina Duarte.
Para a responsável da associação, o território "precisava de estar diferente, mas não está e precisava de estar mais seguro e não está", sendo a grande preocupação da instituição que a tragédia de 17 de junho de 2017 "não volte a acontecer.
"É a área da floresta que me preocupa. É aí que está o grande conflito de interesses que nos rodeia - é o interesse dos proprietários em permanecerem com o lucro e das empresas ligadas à economia da floresta", frisou.
No entanto, Dina Duarte mantém a expectativa de que ainda haja uma mudança na floresta do território, dominada pela monocultura do eucalipto.
"Não fará sentido que tudo permaneça igual e nada seja feito em termos centrais ou em termos locais, em termos públicos ou privados. Quatro anos depois da tragédia, há uma floresta completamente abandonada onde muito pouco está feito e aquela que não está abandonada dificilmente os proprietários tomarão uma decisão de cortar o que agora está em crescimento e que daqui a quatro ou cinco anos dará lucro", acrescentou, frisando não perceber porque "não há trabalho feito".
A presidente da AVIPG notou também que, passados quatro anos, ainda há zonas de sombra no que toca às telecomunicações no território, "onde ninguém consegue falar com ninguém e onde o 112 não consegue sequer chamar".
Na área da economia, Dina Duarte considera que não se sente grandes diferenças face a 2017, continuando o território a ser pouco atrativo, propondo uma economia não tão centrada no setor florestal e capaz de responder às necessidades dos jovens que crescem naquela região do Pinhal Interior.
Questionada sobre o julgamento relativo às responsabilidades pelas mortes e feridos no incêndio de junho de 2017, a responsável salientou que a associação pretende que "seja feita justiça e que seja consequente".
Há um conjunto de coisas que falharam e não vemos lá os representantes dessas falhasDina Duarte
"Possivelmente, a composição do banco dos réus não é a composição completa e total que deveria existir. Há um conjunto de coisas que falharam e não vemos lá os representantes dessas falhas. A maior parte dos arguidos terão uma ligação direta ao território e deveriam estar outros sem ligação ao território, que deveriam ser corresponsabilizados pelas falhas", disse.
"Morreram 66 pessoas e ficou tudo igual. Tem que haver diferenças, nem que seja na consciência das pessoas, que têm que alterar procedimentos, quer em termos locais quer em termos nacionais", asseverou.
Há quem tente mudar a floresta, mas falta apoio
Na região afetada pelo incêndio de Pedrógão Grande, há quem tente lutar contra uma floresta dominada pela monocultura do eucalipto. Mas, passados quatro anos, faltam ferramentas, apoios e mudança de postura.
Depois do incêndio de 17 de junho de 2017, a zona envolvente da casa de Miguel Humblet, no Gravito, Pedrógão Grande, parecia uma pequena ilha verde, com o resto do vale e montes completamente negros dos eucaliptais ardidos.
"Foi uma chamada de atenção. Percebi como a nossa relação com a paisagem ficou tão má que a monocultura não estava só no exterior, mas também na forma como pensamos, como cultivamos o capitalismo e como nos relacionamos com a natureza, como dominadores, como extratores, sem qualquer respeito pelo ambiente", contou.
Quando o incêndio aconteceu, a nossa vida mudou de direção. Para nós, foi um acordarMiguel Humblet
Miguel Humblet, de 51 anos, natural da Bélgica, vivia em Londres com a sua mulher, portuguesa, mas que viveu toda a vida em Inglaterra, quando o casal decidiu trocar, há dez anos, a capital inglesa pela casa da família da sua esposa, abandonada há 70 anos, situada da Ribeira de Pêra.
"Quando o incêndio aconteceu, a nossa vida mudou de direção. Para nós, foi um acordar", disse à agência Lusa Miguel Humblet.
Aquilo que tinha feito antes - a aposta nas espécies autóctones - tinha-lhe salvado a casa, mas Miguel percebeu que não tinha feito "o suficiente".
"Estava só a fazer a minha coisinha, o meu pequeno jardim. Senti-me mal pela paisagem e queria comprometer-me e queria envolver-me na mudança do paradigma", contou.
Durante estes últimos quatro anos, estudou "muito", nomeadamente botânica, permacultura e agrofloresta, juntou-se a outras organizações e decidiu começar a aplicar os conhecimentos.
Perto da casa, fez uma espécie de barragem, várias poças e socalcos com o objetivo de reter água num dos montes que alimenta a ribeira.
Não tenho medo do futuro, mas sinto que, depois daquele grande fogo, era uma oportunidade real para acordar e mudar e dar um passo, mas as pessoas estão a dormirMiguel Humblet
Nesse mesmo monte, ocupa-se a fazer uma floresta diferente, onde várias espécies estão presentes, dependendo da sua necessidade de luz, da sua capacidade de resistência ao fogo e da complementaridade que podem oferecer a outras espécies.
No sopé, junta vegetais e árvores, num projeto de agrofloresta onde mostra como as espécies se complementam, apontando para o caso de dois cedros plantados no mesmo dia - um isolado está mais pequeno e outro, junto de outras plantas, cresce de forma exuberante.
"Eu não tenho medo do futuro, mas sinto que, depois daquele grande fogo, era uma oportunidade real para acordar e mudar e dar um passo, mas as pessoas estão a dormir. Não estão a reagir", salientou, considerando que falta mais proatividade e dinâmica por parte das entidades locais e centrais para mudar um sistema dominado por eucaliptos.
"Precisamos de muito mais apoio para avançar", realçou.
Já na Ferraria de São João, aldeia de xisto no concelho de Penela que arregaçou logo as mangas após o incêndio e avançou com o arranque de todos os eucaliptos nos 100 metros à volta da localidade, os problemas não se centram no apoio financeiro, mas com o enquadramento legal da zona de proteção que implementaram nos últimos quatro anos.
"O problema agora é a formalização disto. Não existe um enquadramento legal para uma questão destas e andamos aqui a partir pedra e ninguém quer que isto volte para trás, porque era uma insegurança muito grande", contou à Lusa a presidente da Associação de Moradores, Maria Rodrigues.
Pedro Pedrosa, que liderou a associação aquando da implementação da zona de proteção, não percebe como "num prédio em Lisboa um condomínio tem um contrato ou uma escritura de condomínio" e não existe essa figura para uma espécie de condóminos da zona de proteção da aldeia.
"Falta trabalho para aquilo que estamos a fazer e para outros que queiram fazer o mesmo e isso pode ser a base de algumas confusões e indefinições", notou.
Passados quatro anos, o cenário envolvente da Ferraria de São João "é muito diferente", recorda Maria Rodrigues, apontando para terrenos onde antes existiam eucaliptos e que hoje são zonas de pasto ou onde crescem medronheiros, cerejeiras, castanheiros ou sobreiros plantados nos últimos anos.
Apesar de alguma satisfação em fazer a comparação, Maria reconhece que ao mesmo tempo pensa ainda no que está por fazer, nomeadamente a reconversão de terrenos que a associação adquiriu perto da localidade recentemente.
"Percebemos que já há qualquer coisa feita, mas a natureza leva o seu tempo", explica Maria.
Pedro Pedrosa refere que, tirando a aldeia vizinha de Casal de São Simão, não conhece mais casos na região que tenham seguido o exemplo da Ferraria de São João e aponta também para o pouco que foi feito no restante do território no que toca à floresta.
"As câmaras, a maioria, têm uma voz passiva e pensava que a atitude dos gestores políticos tivessem mudado, mas não mudou. A floresta seria muito difícil mudar, mas o que poderia mudar é a não passividade perante a não gestão. A atitude não mudou", lamentou Pedro Pedrosa.
Candidatos à Câmara defendem maior intervenção na área florestal
Os três candidatos já anunciados à Câmara de Pedrógão Grande concordam com a necessidade de maior intervenção na floresta, mas se PSD e CDS avaliam negativamente a resposta do Governo, o PS considera que foi feito "um grande esforço".
Para as autárquicas de setembro ou outubro, António José Lopes encabeça a lista do PSD, Pedro Fernandes a do CDS-PP, e Nelson Fernandes, atual vice-presidente, a do PS, numas eleições em que o atual presidente da Câmara, Valdemar Alves (eleito em 2017 na lista socialista), não concorre.
Questionados pela agência Lusa a propósito dos quatro anos decorridos após os incêndios que mataram 66 pessoas, os candidatos defendem uma maior intervenção na área florestal, mas divergem quer no diagnóstico do que foi feito após 17 de junho de 2017, quer naquilo que a autarquia pode fazer, com os candidatos do PSD e do CDS-PP a reclamarem uma postura mais proativa do município na mudança do atual paradigma.
Para Nelson Fernandes, nos últimos quatro anos foi feito "uma grande esforço por parte das entidades responsáveis". O autarca constatou um "empenho" quer do Governo quer do Presidente da República na "tentativa de encontrar soluções para as pessoas e empresas que ficaram sem nada".
No entanto, o candidato socialista notou que a recuperação "de algumas áreas ardidas também está a acontecer, mas, neste caso, lentamente e sobretudo com muito esforço dos privados, alguns com elevados investimentos e sem retorno imediato".
O atual vice-presidente do executivo considera que a autarquia deve "reivindicar junto do Estado um investimento justo e adequado" e espera que o Plano de Resiliência e Recuperação (PRR) possa dar resposta a alguns dos problemas, querendo também apostar na sensibilização, formação e treino das pessoas no contexto de incêndio.
Já o candidato do PSD considera que deveria ter havido um maior acompanhamento de toda a resposta pós-incêndio por parte do Governo, de forma que este estivesse "mais consciente dos problemas reais das pessoas".
António José Lopes afirmou que é preciso uma autarquia "mais proativa na gestão florestal", com trabalho em parceria com outras instituições, para avançar "com a reflorestação de espécies autóctones".
O candidato social-democrata pretende também criar uma aplicação que guie as pessoas "para portos seguros", no caso de um incêndio, e defende um investimento na gestão e ordenamento do território, com a autarquia a assumir um papel de liderança na utilização de instrumentos que possam levar à agregação de terrenos, num território marcado pelo minifúndio.
Também o candidato do CDS, Pedro Fernandes, considera que o Governo deveria ter tido um maior acompanhamento e que a própria autarquia deveria ter "tido mais cuidado na reflorestação e nas próprias limpezas dos terrenos ao longo destes quatro anos".
"Foi prometido mais intervenção, mais planeamento e mais ordenamento e isso não aconteceu. A Câmara deveria ter mais pulso para exigir mais ao Governo", frisou, considerando que é necessário apostar na floresta, seja numa vertente de prevenção, seja na melhoria do próprio setor económico.
O candidato defende a criação de um gabinete de apoio e de incentivos para modernizar e internacionalizar o setor florestal e que seja criado um centro de investigação que permita apoiar não apenas os proprietários, mas também a autarquia, propondo também uma aposta na plantação de espécies autóctones para funcionarem como barreiras à passagem de incêndios.
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