Fontes policiais, citadas pelo canal "BFM TV", adiantaram que 30 pessoas foram detidas pouco depois da concentração pacífica de uma centena de pessoas no lugar onde foi encontrado na semana passado o corpo do lusodescendente de 24 anos.

Os manifestantes ostentavam faixas negras no braço em sinal de protesto e fizeram um minuto de silêncio pela morte de Steve Maia Caniço seguido de um forte aplauso.

Logo depois seguiram em marcha até ao centro da cidade em protesto contra a violência policial.

Segundo imagens divulgadas pelo canal de televisão, um grupo dirigiu-se até à esquadra da polícia onde ocorreram os primeiros confrontos entre manifestantes encapuzados, que lançaram objetos, sinais de trânsito arrancados e barras metálicas, e as forças de segurança, que responderam com canhões de água e gás lacrimogéneo.

Steve Maia Caniço desapareceu na noite de 21 para 22 junho, na sequência de uma intervenção policial numa festa durante a qual terão sido usados gás lacrimogéneo e balas de borracha para dispersar os jovens, o que está a gerar uma onda de contestação em França.

Nessa noite, várias pessoas caíram ao rio e algumas contaram ter ficado cegas pelo uso do gás lacrimogéneo.

O caso suscitou fortes emoções e reações em França, tendo surgido vários apelos a manifestações durante este fim de semana, alguns para denunciar a violência policial, tendo esses apelos específicos origem em grupos ligados ao movimento social dos coletes amarelos, refere a AFP.

Na sexta-feira, o ministro do Interior francês, Christophe Castaner, admitiu que subsistem dúvidas sobre a legitimidade do uso de gás lacrimogéneo durante a intervenção policial.

"O que sei por ter lido o relatório, como vocês leram, é que há dúvidas sobre o uso de gás lacrimogéneo [...] sobre a oportunidade de ter desencadeado o uso de gás lacrimogéneo. A questão foi levantada e é a essa questão a que temos de responder", disse Christophe Castaner, citado pelo jornal Le Figaro.

Dias antes, na terça-feira, o próprio primeiro-ministro de França, Edouard Philippe, divulgou as conclusões do relatório da Inspeção Geral da Polícia, adiantando que o documento não estabelecia qualquer ligação entre a intervenção policial e o desaparecimento de Steve Maia Caniço.

Em 26 de junho, a seguir aos acontecimentos de Nantes, Christophe Castaner não descartava a possibilidade de o desaparecimento de Steve Maia Caniço estar ligado à operação.

Na sequência do ocorrido, o Ministério do Interior francês ordenou, em 24 de junho, a abertura de uma investigação à atuação das forças policiais.

Com a descoberta do corpo, as autoridades anunciaram a abertura de uma investigação por suspeitas de "homicídio involuntário", enquanto decorrem várias outras diligências para tentar esclarecer as circunstâncias da ação das forças de segurança.

Cécile de Oliveira, advogada da família do lusodescendente, considera que o caso ganhou contornos de "assunto de Estado", adiantando que, neste momento, não é "possível descartar responsabilidades de quem quer que seja" na morte do jovem.

Sustentou, por outro lado, que é preciso continuar a "investigar em condições de serenidade, independência e confidencialidade".

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