Na abertura da 14.ª Convenção do PEV, em Lisboa, José Luís Ferreira fez um extenso balanço do trabalho do partido desde a anterior convenção, em maio de 2015, antes ainda das legislativas que resultaram numa maioria de deputados de esquerda, afastando PSD e CDS do poder.
Para o deputado e dirigente do partido, “seria até irresponsável que ‘Os Verdes’, que há muito reclamavam uma mudança de políticas, não contribuíssem para encontrar uma solução alternativa a um novo Governo do PSD e do CDS, que passaria por um Governo minoritário do PS”, apoiado pelo PCP, BE e PEV, desde 2015.
“Se tivermos que resumir este percurso, creio que podemos dizer: foi positivo, está a ser positivo, mas podia ser melhor. Podia ter sido muito melhor”, afirmou José Luís Ferreira, perante os delegados, cerca de 250, vindos de todo o país.
Sem querer "desvalorizar o caminho prosseguido", poder-se-ia ter "ido muito mais longe", criticou o PS, "o PS de sempre".
"O PS de sempre" que "se junta ao PSD na dita reforma da descentralização" ou para "fazer a revisão da legislação laboral", exemplificou.
"Desenganem-se todos aqueles que pensam que o PS mudou. Não, não foi o PS que mudou, foi a circunstância", disse José Luís Ferreira, aplaudido pelos delegados à convenção, atacando ainda "a forma obsessiva" como os socialistas olham para as "imposições externas", como o défice, ou como defende as ajudas à banca.
O dirigente do PEV culpou os socialistas porque, se não fosse esta atitude do PS, "outro galo cantaria, oh se cantaria".
Ainda assim, os resultados das legislativas de 2015 permitiram "enterrar a doutrina do arco da governação", para se perceber que o que "está em causa é a eleição de 230 deputados e não do primeiro-ministro".
José Luís Ferreira, um dos dois deputados do PEV, com Heloísa Apolónia, lembrou os compromissos, assumidos pelo PS, na declaração conjunta com Os Verdes, quanto "à conservação da natureza, à floresta, aos recursos hídricos, à energia, aos transportes, em especial à ferrovia, a rejeição de qualquer privatização".
Do ponto de vista estritamente partidário, no discurso de abertura da convenção foi recordada a campanha pelo encerramento da central nuclear de Almaraz, em Espanha.
"Ficámos ontem [sexta-feira] a saber que vai mesmo encerrar, o que vem mostrar que vale a pena lutar", sublinhou, fazendo depois uma referência a uma "luta" de cada "coletivo distrital" ou regional - existe um por cada um dos 18 distritos e por cada região autónoma, Açores e Madeira.
Os delegados voltaram a bater palmas ao ser referida a recomendação, aprovada no parlamento, para que "todo o tempo de serviço dos professores e de outros profissionais em situação idêntica, fosse contabilizado integralmente para efeitos de progressão na carreira".
A 14.ª convenção nacional do PEV começou hoje, em Lisboa, e termina no domingo.
Após um primeiro dia dedicado ao balanço da ação política e debate das 19 moções setoriais, o domingo dos cerca de 250 delegados eleitos será dedicado à moção única de ação eco-política “ação ecologista, um compromisso de futuro”, depois de encerradas as votações para os 15 elementos da Comissão Executiva, que emanam dos 55 do Conselho Nacional – órgão máximo entre convenções -, bem como da escolha para a Comissão Nacional de Fiscalização de Contas e a Comissão de Arbitragem Nacional.
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