O primeiro Laboratório de Pensamento Complexo em Portugal está a funcionar na ESECS desde março.
Drones, óculos de realidade virtual, robôs de programação, quadros de escrita e até uma impressora 3D são ferramentas tecnológicas que podem ser usadas pelos alunos para encontrar respostas a problemas que são lançados pelos professores.
Docente do Departamento de Matemática e Ciências da Natureza, Susana Reis, considerou que “este laboratório permite uma flexibilização interessante do ponto de vista das metodologias a utilizar”.
“Este espaço é utilizado por nós, tendo em conta metodologias de ensino-aprendizagem mais sócio-construtivas, ou seja, é colocar ao centro o aluno. Utilizamos as mesas de trabalho numa lógica de trabalho colaborativo com recurso às tecnologias. Há uma interatividade interessante”, afirmou Susana Reis à agência Lusa.
Na aula que a Lusa acompanhou, Susana Reis estava a orientar Didática das Ciências Naturais de um mestrado profissionalizante para futuros professores do 1.º ciclo. Sentadas em ‘puff’, num círculo, as alunas trocaram ideias sobre a possibilidade de construir uma visita virtual e definiram as etapas do trabalho a desenvolver.
Cerca de uma hora depois, sentaram-se em frente aos computadores, com apoio de ‘tablets’, para construírem a sua visita.
Para a docente, o laboratório alia a “questão motivacional, pelas cores que tem, à questão da flexibilização, pela movimentação no espaço e à própria ação entre os alunos e o professor”.
A sala permite trabalhar conteúdos de diferentes áreas disciplinares, garantindo o desenvolvimento de “competências ao nível do saber fazer, da resolução de problemas, da capacidade de pensamentos crítico e criativo, mas também ao nível do trabalho colaborativo”.
Sem mesas e cadeiras usadas numa sala tradicional, Susana Reis destacou o trabalho em equipa que o espaço impulsiona. “Além disso, do ponto de vista da criatividade e da liberdade, dá estas duas dimensões ao aluno que lhe permite conhecer e seguir as suas curiosidades, em vez de ser o professor a definir apenas um único caminho”, constatou.
A docente explicou ainda que o professor assume mais um papel de orientador, ao criar “situações que permitem a cada estudante fazer o seu próprio caminho para resolver um determinado problema”.
Para futuros professores, o contacto com “um ambiente educativo e inovador” vai dar-lhes a “experiência” para que possam replicar nas suas escolas o “desenvolvimento de ambientes educativos inovadores”.
O ‘pai’ do Laboratório de Pensamento Complexo da ESECS é Pedro Morouço, que contextualizou o novo espaço já a pensar na nova escola, que será construída nos terrenos da ‘prisão-escola’ de Leiria.
“Estamos a idealizar aquilo que será a funcionalidade desse novo espaço e, portanto, começámos a criar espaços que nos deem luzes daquilo que poderá ser esse futuro”, explicou.
“Tentámos perceber a viabilidade dos nossos docentes utilizarem as novas tecnologias no seu processo ensino-aprendizagem”, ao nível dos cursos técnicos superiores profissionais, licenciaturas e mestrados.
Pedro Morouço considerou que se trata de “uma abordagem mais virada para aquilo que é uma desconstrução da solução através de diferentes perspetivas”.
“Chamámos Laboratório de Pensamento Complexo em homenagem ao grande filósofo Edgar Morin, que aborda muito bem esta questão da interligação entre conhecimentos para se chegar a uma solução”, acrescentou.
O diretor da ESECS reconheceu que “há várias maneiras de lecionar” e “cada professor terá obviamente a sua magia” para “passar aquilo que se pretende que o aluno adquira”.
“Há uns anos andávamos a falar no ‘problem-based learning’, que era a aprendizagem baseada no problema e hoje já se fala no ‘design-based learning’, na aprendizagem no seu todo, enquanto elemento estrutural na aquisição do conhecimento”, explicou.
O laboratório pode ser requisitado por qualquer docente, sem qualquer obrigatoriedade.
“A função da direção é dar condições aos professores que têm a mente cheia de vontade de criar dinâmicas mais férteis”, afirmou.
No final do ano letivo será realizada uma avaliação a este projeto, havendo a possibilidade de alargar o modelo a mais salas e até com “outros formatos”.
Estudante do mestrado de ensino do 1.º ciclo e em Matemática e Ciências do 2.º ciclo, Carolina Fontes considerou este laboratório uma “experiência bastante inovadora”.
“Estarmos em contacto com estes materiais didáticos pedagógicos, dá-nos ferramentas para podermos mais tarde, em sala de aula, e se houver condições, implementar estas ideias. Se nos sentimos tão envolvidas com estes recursos tão inovadores, as crianças ainda mais”, constatou, salientando a importância de “encontrar estratégias que motivam e que envolvam os alunos nas aprendizagens”.
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