Em comunicado, a Direção da Organização Regional do Porto (DORP) do PCP acrescenta que, na pergunta entregue na Assembleia da República, questiona também o Governo, através do Ministério do Trabalho, sobre “quantas foram as ações inspetivas da ACT [Autoridade para as Condições de Trabalho] à Cervejaria Galiza nos últimos 10 anos” e quais as “ações tomadas junto da empresa no seguimento das mesmas”.
Fundada em 29 de julho de 1972, a Cervejaria Galiza está em risco de fechar, depois de quatro anos em dificuldades, com dívidas aos funcionários, ao fisco e à Segurança Social. A 11 de novembro os trabalhadores impediram a tentativa da gerência de retirar o material das instalações, mantendo-se entretanto em permanência no espaço.
“Desde então, assumiram uma solução de gestão para manter o estabelecimento aberto, pagando salários a trabalhadores, encargos a fornecedores e outras despesas”, descreve a DORP do PCP.
O PCP lembra que “os mais de 30 trabalhadores da Cervejaria Galiza mantêm neste momento um processo de luta de grande combatividade e perseverança, permitindo manter aberta esta conhecida casa de restauração da cidade do Porto”.
De acordo com o partido, “estes trabalhadores têm vindo a ser fustigados ao longo dos anos com desrespeito sucessivos por parte da empresa”, sendo “inaceitável a continuada realidade de salários pagos às prestações”.
“É também inaceitável que em outubro de 2019 estivesse em dívida o Subsídio de Natal de 2018”, alertam.
Para o PCP, “face a esta realidade, importa que sejam salvaguardados todos os postos de trabalho deste estabelecimento, bem como que sejam cabalmente cumpridos os direitos destes trabalhadores”.
O PCP recorda ainda que, na noite do dia 11, “a gerência da Cervejaria Galiza, aproveitando-se do facto de segunda-feira ser um dia de descanso dos trabalhadores e de o estabelecimento estar encerrado, desmontou máquinas e empacotou o recheio do restaurante para o encerrar definitivamente”.
“Os trabalhadores impediram esta tentativa, concentraram-se e ocuparam as instalações, impedindo a retirada do material”, observa.
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, jantou na terça-feira no espaço, defendendo que o Governo pode dar uma "contribuição positiva para a resolução do conflito" na Cervejaria.
"São 30 postos de trabalho que estão aqui em causa, de muitos que para a sua vida precisam de continuar aqui a trabalhar, não pedem mais do que isso. Querem continuar a trabalhar e ter o seu direito ao trabalho e, por isso mesmo é que, tendo em conta esta marca que é parte intrínseca desta cidade do Porto, [desejo que] possa continuar de portas abertas com uma situação social e laboral resolvida", salientou.
A tentativa de resolver as dificuldades da cervejaria passou pelo recurso a um Processo Especial de Revitalização (PER), aceite pelo Tribunal do Comércio de Vila Nova de Gaia, e pela chegada de um gestor.
Na terça-feira, realizou-se uma reunião “inconclusiva” com a gerência da Cervejaria Galiza, segundo informação do delegado sindical Nuno Coelho, que acrescentou estar agendado novo encontro mediado pelo Ministério do Trabalho para segunda-feira.
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