O relatório Resultados do PISA 2022 (Volume III): Mentes Criativas, Escolas Criativas avalia as capacidades de pensamento criativo de estudantes em 64 países e economias em todo o mundo, tratando-se da primeira vez que a questão é analisada nesta avaliação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Os estudantes de Singapura ficaram em primeiro lugar, com “pontuações significativamente mais altas do que todos os outros países/economias participantes”, tendo atingido a média de 41 pontos num total de 60.
Mas 11 outros países também tiveram um desempenho acima da média da OCDE (33 pontos). Por ordem decrescente: Coreia, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Estónia, Finlândia, Dinamarca, Letónia, Bélgica, Polónia e Portugal (34 pontos).
De um modo geral, os sistemas onde é melhor o desempenho em pensamento criativo estão entre aqueles que também tiveram um desempenho acima da média da OCDE nos conhecimentos a Matemática, Leitura e Ciência, sendo Portugal uma exceção, com um desempenho próximo da média na avaliação destas competências e acima da média em pensamento criativo.
Também sistemas com um desempenho bem acima da média da OCDE em Matemática, Leitura e Ciências, como os da “República Checa, Hong Kong (China), Macau (China) e Taipé Chinês”, ficaram agora próximos ou abaixo da média em pensamento criativo.
“Os estudantes de hoje precisam de ser capazes de pensar de forma criativa e de se adaptarem a novas formas de pensar e de fazer, uma vez que as nossas sociedades dependem cada vez mais da inovação e da criação de conhecimento para enfrentar os desafios emergentes”, refere o relatório.
Em Portugal, os alunos foram melhores em tarefas de expressão visual, enquanto em Singapura tiveram sucesso em vários tipos de tarefas, sobretudo na resolução de problemas sociais, e na Coreia pontuaram mais que os restantes na resolução de problemas científicos e “em tarefas que exigiam que (…) avaliassem e melhorassem ideias”.
A análise divulgada hoje mostra diferenças no pensamento criativo dentro dos países e que “as divisões socioeconómicas no desempenho persistem no pensamento criativo”, bem como que, na maioria dos países e economias, existem “disparidades significativas de género” no pensamento criativo, com as raparigas a superarem os rapazes “em todas as tarefas”.
Assinalando que o pensamento crítico requer alunos empenhados, o estudo indica que “os estudantes de todos os países e economias têm atitudes amplamente positivas em relação à aprendizagem e ao envolvimento no trabalho criativo em geral”.
Quase 83% dos estudantes dos países da OCDE disseram gostar de aprender coisas novas, sendo que em Portugal e oito outros países a percentagem dos que “concordaram ou concordaram fortemente” foi superior a 90%.
“Os rapazes e os estudantes desfavorecidos, em particular, demonstraram níveis mais elevados de desinteresse nas tarefas de pensamento criativo”.
Acreditar no seu potencial criativo resulta num melhor desempenho e escolas e professores podem fazer a diferença em relação ao pensamento criativo.
Segundo o relatório, nos países da OCDE, em média, cerca de sete em cada 10 estudantes acreditam que a criatividade não é exclusiva das artes e oito em cada 10 acreditam que é possível ser criativo em quase todas as disciplinas. Em Portugal, são quase nove em cada 10 alunos.
Andreas Schleicher, diretor para a Educação e Competências da OCDE, nota no estudo que o pensamento criativo é “a segunda competência mais importante para os trabalhadores, atrás apenas do pensamento analítico” segundo o relatório Futuro dos empregos 2023 do Fórum Económico Mundial.
Refere, no entanto, que “o pensamento criativo não consiste apenas em permanecer competitivo no mercado de trabalho. Também atua como um poderoso estímulo à própria aprendizagem, aprofundando a concentração dos alunos na sua aprendizagem, ativando competências cognitivas de alto nível e estimulando o desenvolvimento emocional, a resiliência e o bem-estar”.
O responsável salienta que os professores podem ensinar a pensar de modo criativo e considera ser preocupante que “apenas cerca de metade dos estudantes acredite que a sua criatividade é algo que podem mudar”.
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