
“A participação, sinceramente, não tem nada de especial. […] Eu já reuni com o primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana, seguramente, três ou quatro vezes. Falei com ele ao telefone variadíssimas vezes”, afirmou Paulo Rangel, ao justificar a participação no encontro promovido pelo Governo espanhol para debater os passos para a solução de dois Estados — Palestina e Israel.
Numa conferência de imprensa conjunta com o homólogo alemão, Johann Wadephul, que se encontra de visita a Lisboa, o ministro dos Negócios Estrangeiros garantiu que, em Madrid, foi mais um dos participantes, como os homólogos da Arábia Saudita, Jordânia ou Egito, bem como o espanhol, que têm relevância no processo, sem que Portugal perca de vista a posição que sempre defendeu.
“Foi um encontro com um conjunto de colegas, também de vários países europeus, com os quais temos um diálogo permanente sobre a questão do Médio Oriente”, sublinhou.
“A nossa posição é muito clara: exigir um cessar-fogo imediato e incondicional, exigir a entrada de ajuda humanitária em termos maciços numa situação com uma situação catastrófica e desesperada, e que está à beira de mortes à fome, o que é uma coisa absolutamente inaceitável. Sobre isso não há qualquer dúvida”, explicou Paulo Rangel.
O ministro dos Negócios Estrangeiros português adiantou, a esse propósito, que vai participar, de 17 a 20 de junho, em Nova Iorque, na conferência de alto nível que é presidida pela França e pela Arábia Saudita em Nova Iorque.
“Portugal teve sempre uma posição muito clara, que é de condenação dos ataques de 07 de outubro [de 2023], e, agora, de condenação da resposta desproporcionada de Israel, o que é algo que temos vindo a fazer desde, pelo menos, que assumimos funções, há um ano”, acrescentou, lembrando que Lisboa “recusou sistematicamente a autorização para qualquer exportação de material de guerra ou duplo uso com o destino de Israel”.
“A nossa posição quanto a um reconhecimento está espelhada numa doutrina que eu repeti variadíssimas vezes no Parlamento, e que significa que é algo que está sempre em avaliação e que é conversado com os nossos parceiros, quer com aqueles que já reconheceram o Estado da Palestina, quer com aqueles que entendem que é preciso haver outros passos para que esse reconhecimento tenha lugar”, insistiu.
Para Paulo Rangel, essa doutrina “não se alterou” e, apesar de a realidade ser algo dinâmica, isto não significa que não venha a implicar, a dado momento, o passo de reconhecimento do Estado da Palestina.
“Mas, sinceramente, não foi, com certeza, na reunião de ontem [domingo] que houve qualquer desenvolvimento nesse capítulo. Estamos em consultas sempre com países, a Bélgica, a França, o Luxemburgo, a Dinamarca, a Grécia, a Itália, que têm posições muito parecidas com aquelas que nós temos hoje. Nesse contexto, vamos fazendo uma maturação daquela que é a nossa posição”, disse o governante.
“Para nós, fundamental é o cessar-fogo imediato a entrada da ajuda humanitária. Esta é que é a prioridade. Não há nenhuma prioridade que possa ultrapassar esta”, concluiu.
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