“Portugal recebeu ontem [terça-feira], durante a noite, uma carta da parte de Roman Abramovich a pedir autorização a Portugal. Estamos a analisar essa carta, faremos a devida concertação com a Comissão Europeia e, em breve, daremos a nossa resposta”, disse o chefe da diplomacia portuguesa, questionado pela Lusa à margem de uma visita à Escola Portuguesa de Cabo Verde, na Praia.
O governo britânico aprovou a venda a um consórcio liderado pelo bilionário norte-americano Todd Boehly do clube inglês Chelsea, ainda detido pelo russo Roman Abramovich, alvo de sanções ligadas à invasão da Ucrânia.
“O governo emitiu uma licença que permite a venda do Chelsea”, anunciou hoje a ministra da Cultura, Média e Desporto britânica, Nadine Dorries, na rede social Twitter.
A ministra acrescentou que, “dadas as sanções” que o executivo britânico aplica a quem esteja ligado ao presidente russo, Vladimir Putin, e “à sangrenta invasão da Ucrânia, o futuro a longo prazo do clube só pode ser garantido com um novo proprietário”.
“Estamos seguros de que o resultado da venda não beneficiará Roman Abramovich ou outros indivíduos sancionados”, disse Dorries.
A ministra agradeceu "a todos, especialmente aos dirigentes que trabalharam incansavelmente para manter o clube a jogar e viabilizar essa venda, protegendo os adeptos e a comunidade futebolística em geral”.
Na terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros português já tinha confirmado contactos com o governo britânico sobre a venda do Chelsea.
“Em relação ao Chelsea, naturalmente que há aqui um ponto absolutamente fundamental: Portugal aplica as sanções que foram decretadas pela União Europeia. Nós fazemo-lo de forma rigorosa, fazemo-lo sem exceções, e é assim que nós aplicamos as sanções, é assim que nós vamos continuar a aplicar as sanções”, afirmou o chefe da diplomacia de Portugal, questionado pelos jornalistas à margem da visita a Cabo Verde.
Uma vez que Roman Abramovich detém um passaporte português, as autoridades portuguesas terão também de autorizar o negócio, noticiou na segunda-feira a emissora britânica BBC.
“O governo britânico está a estudar possibilidades de alienação daquilo que é, neste momento, propriedade de uma pessoa que está sob lista de sanções. Obviamente, estamos em diálogo com o governo britânico, estamos em diálogo com a Comissão Europeia, mas seremos intransigentes na aplicação das nossas obrigações jurídicas”, afirmou na terça-feira João Gomes Cravinho.
O Chelsea, terceiro colocado na última edição da Premier League, atua com limitações, devido às sanções impostas a Abramovich.
Neste momento, o Chelsea opera com uma autorização especial que expira em 31 de maio e que lhe permite realizar determinadas operações, como receber dinheiro por direitos televisivos e vender ingressos para determinadas partidas.
Em 07 de maio, os londrinos anunciaram que o grupo liderado por Boehly iria adquirir o Chelsea por 4,25 mil milhões de libras (4,9 mil milhões de euros). A aquisição foi aprovada pela Liga inglesa de futebol na terça-feira.
Comentários