Os dados recolhidos pela Boston Consulting Group (BCG) não se alteram relativamente ao ano anterior, com 23% dos inquiridos a responder “não” ou “muito pelo contrário” à questão “Sente que o seu trabalho lhe proporciona condições para estar psicologicamente bem?". Por outro lado, mais de metade tem uma resposta positiva e 14% considera ainda que a sua profissão lhe oferece “bastantes condições” para o bem-estar mental.

Em nota de imprensa, Manuel Luiz, diretor da BCG em Lisboa, explica que “os dados mostram que apesar de a maioria dos portugueses se sentirem bem psicologicamente no trabalho, ainda há uma proporção considerável que considera que o seu ambiente laboral não garante as condições necessárias para promover o bem-estar mental”, o que, na sua opinião, tem de ser revertido.

Entre as pessoas insatisfeitas, as mulheres são as mais afetadas contra apenas 19% de homens. Além disso, dos fatores que determinam o bem-estar psicológico dos colaboradores, surge em destaque a relação com os colegas (33%), as condições do local de trabalho (27%), a flexibilidade horária (26%%) e a relação com a liderança (21%). A relação com entidades externas (10%) e a diversidade e inclusão (7%) são as razões menos mencionadas.

Nos últimos quatro anos o número de pessoas insatisfeitas tem vindo a diminuir, sendo hoje relativo a apenas 1 em cada 7 portugueses (14%). Segundo o jornal Público, em 2021, Portugal era o país com menor percentagem de trabalhadores muito satisfeitos face à realidade da Europa. A tendência é para que melhore, mas o tabu da saúde mental permanece. A procura por ajuda profissional (14%), tal como no passado, continua a ser o recurso com menor adesão.

Para o dirigente da BCG, “o sucesso das empresas passa pelo bem-estar dos seus profissionais e, neste contexto, as organizações precisam de continuar a investir em iniciativas que busquem equilibrar os objetivos empresariais com as necessidades dos colaboradores, nomeadamente aquelas que ajudem a garantir a segurança psicológica de todos”.

No geral, 60% dos portugueses revela estar “psicologicamente bem ou otimamente”, novamente com as mulheres a representarem uma percentagem menor de satisfação. 26% dos inquiridos sente-se “razoável”, e o número de portugueses que afirma sentir-se “instável ou um pouco instável a nível psicológico” não chega aos 15%.

Outros dados relevantes

O inquérito revelou ainda que a estabilidade psicológica dos portugueses é definida principalmente pela saúde física (64%) e a relação com os familiares (61%). A saúde financeira é destacada por quase metade da população (47%) como um fator de destabilização, mais 2% face ao ano passado. Entre as áreas menos relevantes, são mencionados o crescimento pessoal e aprendizagem (18%), o divertimento e entretenimento (14%), e a contribuição para a sociedade (7%).

Para se manterem saudáveis mentalmente, os portugueses priorizam os hábitos saudáveis de alimentação e sono (47%), a interação social regular com amigos e familiares (47%) e a prática de passatempos e atividades de lazer (44%) e de exercício físico regular (44%). Por outro lado, o estabelecimento de limites saudáveis no trabalho (22%), e a prática de técnicas de relaxamento (16%) são os mecanismos menos adotados pelos inquiridos, interferindo nas perceções dos portugueses sobre o trabalho.

Texto escrito pela jornalista estagiária Ana Filipa Paz e editado pela jornalista Ana Maria Pimentel