Numa mesa redonda com jornalistas, Marianne Thyssen começou por sublinhar a importância de o Partido Popular Europeu (PPE), do qual é vice-presidente, poder hoje escolher em Helsínquia o seu candidato à sucessão de Jean-Claude Juncker entre o alemão Manfred Weber e o finlandês Alexander Stubb.
“É bom que no PPE tenhamos dois candidatos, o que significa que há uma verdadeira escolha aqui no congresso. Todos os partidos estão representados com uma boa delegação, ou seja, todos os partidos realmente podem ter influência em quem vamos eleger e quem apoiarão a posteriori. É importante porque essa será a pessoa visível em todos os momentos, em todo o lugar”, analisou.
A comissária belga preferiu não apontar a sua preferência, lembrando conhecer há muito os dois candidatos, desde os inícios dos três como eurodeputados.
“Penso que temos um problema de luxo. Ambos os candidatos são verdadeiros democratas-cristãos e são europeístas. Acreditam na necessidade de uma dimensão política a nível europeu e ambos pertencem aquilo que poderíamos chamar a nova geração. Qualquer que seja o resultado, não haverá perdedores. São ambos bons e estou convencida que terão um futuro brilhante”, resumiu.
Contudo, a vice-presidente do PPE não esconde que gostaria que a sua família política tivesse uma candidata mulher à presidência da Comissão.
“É uma pena. Gostaria de ver uma candidata aqui, mas posso dizer-vos que aquilo que espero daquele que for candidato à presidência da Comissão é que se comprometa a assegurar que há muitas comissárias no próximo executivo. Sei que não é fácil, mas têm de assumir o compromisso, de outra maneira não funcionará de todo. Sei que [Durão] Barroso tentou, [Jean-Claude] Juncker disse querer pelo menos metade de mulheres no seu executivo… ele tentou, mas são os Estados-membros que devem apresentar mulheres como comissárias”, lembrou.
Marianne Thyssen prosseguiu com elogios ao método “Spitzenkandidaten" (termo alemão que se pode traduzir por “candidatos principais”), que prevê que o processo de designação do presidente do executivo comunitário seja feito entre os cabeças de lista indicados pelas famílias políticas europeias, com respeito pelos resultados eleitorais.
“Penso que este é um bom sistema, porque traz mais transparência e claridade sobre quem poderá ser o próximo presidente da Comissão Europeia. Saberemos quais serão os seus pontos de referência, o que vamos defender. É uma dimensão extra de democracia. Estou convencida que é um bom sistema”, sustentou.
A comissária europeia para o Emprego, Assuntos sociais, Competências e Mobilidade assumiu que as eleições europeias de maio não serão ‘business as usual’.
“A Europa está sob ataque, desde dentro e desde fora. Desde fora, vemos que os nossos amigos do outro lado do oceano estão a mudar as suas posições, estão a distanciar-se do mundo multilateral, e isso é uma grande alteração na organização mundial. Temos, por vezes, tensões comerciais com a China, tensões políticas com a Rússia. Penso que podemos ver que, desde fora, as coisas estão a mudar, e temos de organizar-nos internamente na Europa de forma a que sejamos fortes e que sejamos ouvidos com uma única voz lá fora”, defendeu.
Desde dentro, segundo Thyssen, a União Europeia está sob pressão devido ao crescimento dos populistas e nacionalistas.
“Cada vez mais vemos oportunistas, pessoas que não são realmente populistas, mas que deixaram de defender a Europa por crerem que têm mais sucesso junto dos eleitores se seguirem os outros. Temos de ser cautelosos, temos de falar com as pessoas, sensibilizá-las. Temos de ser capazes de proteger os nossos cidadãos sem nos tornarmos protecionistas. Temos de demonstrar às pessoas que as ouvimos”, frisou.
Comentários