Marcelo Rebelo de Sousa falava no Palácio de Belém, em Lisboa, numa sessão de apresentação de cumprimentos de boas festas por parte da Assembleia da República, em que estiveram representantes de todos os partidos com assento parlamentar: PS, PSD, Chega, Iniciativa Liberal, PCP, BE, PAN e Livre.

“Muito obrigado por terem vindo. Isto quer dizer que a tradição continua, a democracia é mais forte do que as vicissitudes — que, aliás, têm a obrigação de a completar e enriquecer e não propriamente questionar ou desvanecer”, afirmou o chefe de Estado.

Na sua intervenção, o Presidente da República não se referiu expressamente à atual conjuntura política, com o parlamento prestes a ser dissolvido, em 15 de janeiro, e eleições legislativas marcadas para 10 de março, na sequência do pedido de demissão do primeiro-ministro, António Costa, por causa de uma investigação judicial.

Depois de ouvir o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, antever que o próximo ano será “muito exigente do ponto de vista político também para o Presidente da República”, Marcelo Rebelo de Sousa comentou: “Nem posso nem devo dizer mais. Isto é, de facto, será um ano muito intenso, cá dentro e lá fora”.

No plano interno, o Presidente da República acrescentou que “o povo decidirá” e que a expectativa “é que o ano de 2024 possa corresponder àquilo que venha a ser o desejo do povo português”.

“É um grande prazer tê-los aqui na sequência de uma tradição e mostra a força da democracia portuguesa. Para além da vivacidade dos debates, das propostas, dos pontos de vista, o que é facto é que há um clima de estabilidade emocional e institucional que caracteriza a maturidade de uma democracia que vai para o ano celebrar 50 anos do 25 de Abril”, sustentou.

“Isso também está presente no nosso espírito, com sensibilidades diferentes. Sobretudo os mais velhos recordamos o que era viver em ditadura, o que era viver com censura, com repressão”, prosseguiu Marcelo Rebelo de Sousa, para concluir: “Há uma coisa que nós sabemos e queremos, é que ditadura nunca mais”.