Quando um dos estudantes do Grupo Universitário de Debates e Opiniões da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, com quem esteve à conversa por videoconferência durante mais de uma hora, lhe pediu para identificar o seu maior adversário na corrida a Belém, Vitorino Silva não hesitou.
“É a abstenção, esse é o meu principal adversário. Toda a gente sabe que o voto é o maior património e anda muita gente a desbaratar”, sublinhou o presidente do partido RIR (Reagir, Incluir, Reciclar) e agora candidato pela segunda vez à Presidência da República.
Mas Vitorino Silva, popularmente conhecido como “Tino de Rans”, acredita que os jovens vão ajudar a vencer esse adversário invisível e foi esse o maior apelo que fez diretamente aos estudantes de Letras do Porto: “que participem, que votem e não deixem ninguém pensar pela vossa cabeça”
Confiante na geração dos eleitores mais novos, afirmou: “Acho que vamos vencer a abstenção porque os jovens vão votar e vão dizer maciçamente que estão muito atentos”.
E o candidato presidencial lançou pistas relativamente a quem acha que deve merecer essa atenção, sem apontar nomes.
“Há ventos que vêm por aí e nestas eleições há pessoas à boleia da democracia, mas os jovens não vão deixar que alguns apanhem essa boleia porque não são democratas”, afirmou.
Ao longo da conversa com os estudantes, Vitorino Silva deixou rasgados elogios aos jovens, admitindo gostar muito de poder falar “com quem sabe e não faz fretes”, com quem se interessa por política e a quem, por vezes, não se dá a devida atenção.
“Vocês, quando se mobilizam, mobilizam-se a sério. Vocês gostam de política, interessam-se por política, não gostam é dos políticos”, disse, assegurando que, se for eleito Presidente da República, vai escolher as melhores pessoas para o aconselhar, incluindo os jovens.
Tentando falar sobre o máximo de temas possível, os estudantes não deixaram de questionar o candidato presidencial sobre o que lhes é mais próximo e quiseram saber o que Vitorino Silva pensa sobre as propinas.
“É uma vergonha”, afirmou, defendendo que “o ensino não pode ser um negócio e os alunos não podem ser clientes”.
Por outro lado, o calceteiro e ex-autarca socialista considerou também que a oferta no ensino superior tem de estar mais próxima das necessidades do mercado de trabalho, para que “um aluno que acaba o curso numa sexta-feira, na segunda-feira tenha colocação”.
Além de recordar histórias da sua vida, Vitorino Silva falou também sobre temas quentes destas eleições presidenciais, sobretudo a pandemia da covid-19.
Questionado sobre o problema particular das escolas, e sobre a sua posição relativamente ao encerramento ou não dos estabelecimentos de ensino, o candidato disse: “a ciência é o meu deus”.
“Temos de ouvir a linha da frente e a linha da frente não são os políticos. Os políticos estão bem lá atrás. A linha da frente são os médicos e se a linha da frente pede para fecharem as escolas… Eu acredito muito mais nos médicos”.
As eleições presidenciais estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976.
A campanha eleitoral começou em 10 de janeiro e decorre até sexta-feira, com o país a viver sob medidas restritivas devido à pandemia e em confinamento geral desde dia 15.
Concorrem às eleições sete candidatos, Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, do partido RIR - Reagir, Incluir, Reciclar, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).
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