Em entrevista à televisão inglesa BBC, o Presidente conservador afirmou que não se demitirá, embora tenha reconhecido ser “responsável por uma parte” dos “problemas que se acumularam nos últimos 30 anos”.
O movimento de protesto, que entrou hoje na terceira semana apesar de já terem sido anunciadas várias medidas sociais, começou contra o aumento do preço do bilhete de metropolitano, tendo-se alargado rapidamente para uma série de outras reclamações.
“Os problemas acumularam-se nos últimos 30 anos. Sou responsável por alguns deles e assumo a responsabilidade, mas não sou o único responsável”, sublinhou Piñera.
O chefe do Estado chileno referiu-se às “numerosas denúncias de uso excessivo de força”, garantindo que “se isso aconteceu, haverá uma investigação (…) e uma acusação”.
Alguns ativistas, incluindo a vencedora do Prémio Nobel da Paz Rigoberta Menchu, pediram a Piñera que pusesse fim às violações “sistemáticas e graves” dos direitos humanos nas repressões às manifestações.
“Não haverá impunidade”, assegurou Sebastian Piñera na entrevista.
O Presidente chileno justificou ainda a instauração do estado de emergência no país, explicando que “usou as ferramentas democráticas e constitucionais existentes (…) para restaurar a ordem pública e proteger os cidadãos”.
Na primeira semana do conflito, o exército chileno juntou-se à polícia para patrulhar as ruas de Santiago.
Na segunda-feira, centenas de manifestantes cercaram a sede do Congresso em Santiago do Chile para protestar contra a reforma das pensões e outras medidas anunciadas pelo Presidente, que estava a ser debatida no parlamento.
Na manifestação, convocada pela plataforma Unidade Social, que reuniu cerca de 70 organizações sindicais e sociais, ouviram-se palavras de ordem exigindo a revisão da Constituição, uma reforma do sistema de pensões que acabe com as empresas privadas que administram fundos de pensões ou ainda habitação digna e uma reforma tributária.
O Chile vive uma agitação social sem precedentes desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), com manifestações maciças nas ruas e distúrbios, reprimidos pela polícia e militares, que até ao momento fizeram pelo menos 20 mortos, 600 feridos e seis mil detidos.
Além da revisão constitucional e da reforma do sistema de pensões, os manifestantes exigem reformas ao modelo económico ultra-liberal do país.
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