O dirigente falava à margem da abertura do Conselho Nacional, em Bragança, apontando que esta reunião ocorre “num dos piores momentos da vida dos bombeiros portugueses” que pede “unidade e tomada de atitudes fortes que façam ver ao Governo do país que os bombeiros portugueses não são uma coisa qualquer”.
O documento que irá sair do final dos trabalhos, em Bragança, resumirá as decisões sobre as formas de luta a tomar contra a proposta para a nova lei orgânica que se encontra em discussão pública e que foi aprovada em Conselho de Ministros a 25 de outubro prevendo criar cinco comandos regionais e 23 sub-regionais de emergência e proteção civil em vez dos atuais comandos distritais de operações e socorro.
“Não vamos admitir em circunstância alguma que estas reformas de legislação sejam efetivamente implantadas e impostas aos bombeiros portugueses. Vamos fazer avisos ao Governo, avisos que devem ser tomados em devida nota porque serão efetivamente à dimensão deste exército de soldados da paz e da vida, mas que não têm qualquer receio de fazer guerra a quem puser a sua paz em risco”, afirmou o presidente da Liga.
Jaime Marta Soares vincou que na reforma proposta pelo Governo “foi alterado o sistema só para os bombeiros, não foi alterado para nenhuma das outras estruturas e todas as outras estruturas pertencem ao Estado: a GNR, A PSP, o Exército, a Marinha, a Força Aérea, o INEM”.
Segundo disse, todas essas estruturas “têm a sua autonomia, a sua administração própria, só a Liga dos Bombeiros Portugueses, (que) são estruturas da sociedade civil, que não são estruturas do Estado, é àquela que impõem uma regra como se fossem funcionários do Estado”.
“Chega, chegamos ao limite. Queremos a nossa direção nacional de bombeiros autónoma, independente com orçamento próprio e queremos um comando autónomo dos bombeiros como têm todas as outras entidades”, reclamou, concretizando que a Liga defende “uma Autoridade Nacional de Proteção Civil que tenha uma função como tem na Europa e no Mundo, que é de coordenação, e que os vários parceiros da estrutura da Proteção Civil tenham a sua autonomia”.
Jaime Marta Soares avisou que os bombeiros estão “dispostos a tudo para efetivamente demonstrar” a sua revolta e apelou ao primeiro-ministro para que evite esta situação, que classifica como o “desmembrar de toda a estrutura” existente.
“Quero daqui dizer ao senhor primeiro-ministro que não temos medo nenhum das suas decisões. Estamos aqui bombeiros portugueses de cara levantada para o enfrentar. E o senhor primeiro-ministro terá que nos enfrenta na rua e todos os sítios onde efetivamente a nossa presença seja reclamada e não temos medo de nenhum Governo, nem de nenhum primeiro ministro de Portugal”, enfatizou.
Jaime Marta Soares fala ainda em “traição” do Governo por ter avançado com a proposta da reforma sem ouvir os bombeiros e espera que o Presidente da República “esteja atento” a esta situação.
O presidente da Liga lembrou que os bombeiros dão resposta “a 98% do socorro em Portugal, nos incêndios florestais a 95% e mesmo no transportes urgentes são responsáveis por 85% daquilo que faz o INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica)”.
“Somos elementos da sociedade civil para defender o nosso país, somos competentes, profissionais e mão-de-obra barata e, por isso talvez, o Governo tenha vindo pé ante pé para espezinhar os bombeiros portugueses, para achincalhar os bombeiros portugueses, para humilhar os bombeiros portugueses e nós diremos perentoriamente não”, declarou.
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