Esta condecoração aconteceu numa iniciativa de evocação de Manuela Silva, que decorreu no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), em Lisboa.
“O que pode o Presidente da República fazer em nome de todos os portugueses que possa ser um sinal de gratidão, mesmo se tardia, e de incentivo, mesmo se modesto?”, questionou o Presidente da República na sessão de encerramento da iniciativa.
“Ocorreu-me que poderia entregar à sua família, a toda ela, a do sangue e com ela, a do compromisso diário, um símbolo pequeno para uma mulher tão grande, a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública”, anunciou, entregando de seguida as insígnias aos familiares presentes.
Para o chefe de Estado, Manuela Silva foi uma “grande mulher, grande professora nas ideias e nos atos, grande portuguesa”.
“Uma mestra que nos instruiu, nos guiou, nos motivou, nos deu o rumo para uma sociedade mais humana, mais livre, mais igualitária e para um Portugal bem melhor”, acrescentou.
Por isso, salientou, “a homenagem que ela merece vai muito para além disso”.
“Mas este é um pequeno símbolo do muito, muito que todos nós, vindos de quadrantes tão diferentes, lhe devemos e nunca iremos esquecer”, assinalou Marcelo Rebelo de Sousa.
Ao longo de dez minutos, o Presidente da República evocou o percurso de Manuela Silva e elogiou-a, classificando-a como “incansável, indomável, a tudo resistente, intocável na sua coerência e na sua coragem”.
Marcelo Rebelo de Sousa recordou ainda que a intenção era que a homenagem “fosse com a presença física de Manuela Silva”, mas a iniciativa acabou por ser sucessivamente adiada, também por causa do estado de saúde da economista.
“Penitencio-me por me ver resignado a esse adiamento, que acabou por ser irreversível, mas aqui estou eu, convosco, solidário com esta justíssima evocação”, referiu.
A professora catedrática convidada do ISEG Manuela Silva, que foi secretária de Estado para o Planeamento no I Governo constitucional, pioneira no estudo da desigualdade e pobreza, morreu em 08 de outubro do ano passado.
Em 2000, Manuela Silva já tinha sido agraciada com a Grã-Cruz do Infante D. Henrique, pelo então Presidente da República Jorge Sampaio.
Manuela Silva desempenhou vários cargos na Administração Pública ao longo da sua vida, tendo sido secretária de Estado para o Planeamento no I Governo Constitucional (1976-77), integrando ainda diferentes grupos de peritos no âmbito da União Europeia, Conselho da Europa e OIT - Organização Internacional do Trabalho.
Em 2013, recebeu o doutoramento 'honoris causa' pela Universidade Técnica de Lisboa.
Na sua intervenção cívica, presidiu à Comissão Nacional Justiça e Paz, destacando-se o trabalho pioneiro desenvolvido no estudo da pobreza e das desigualdades em Portugal.
Manuela Silva foi presidente do Movimento Internacional dos Intelectuais Católicos, presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, fundadora e presidente vitalícia da Fundação Betânia e coordenou o Grupo Economia e Sociedade.
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