Maria Ressa, de 58 anos, foi a primeira pessoa filipina a receber um prémio Nobel – partilhado com o jornalista russo Dmitri Muratov – e foi felicitada por vários governos e pela sociedade filipina, mas dois dias depois de conhecida a decisão do comité Nobel, Rodrigo Duterte ainda não fez qualquer comentário.

O único comentário por parte do governo filipino veio do ministro dos Negócios Estrangeiros, Teddy Locsin, que na rede social Twitter felicitou Maria Ressa, comentando que “uma vitória é uma vitória”, mas ressalvou que a ex-presidente filipina Cory Aquino também teria merecido o Nobel da Paz por liderar o movimento pró-democracia nas Filipinas durante os anos 80.

Maria Ressa destacou-se por investigar a guerra contra o narcotráfico iniciada por Duterte quando chegou ao poder, em 2016, uma campanha que deixou um rasto de milhares de mortos em operações policiais e execuções extrajudiciais, e que está a ser investigada pelo Tribunal Penal Internacional por alegados crimes contra a humanidade.

A jornalista é uma das co-fundadoras do ‘site’ de notícias Rappler, iniciado em 2012, e tem também trabalhado para combater as notícias falsas e a desinformação em redes sociais como o Facebook, em grande parte atribuídas a contas relacionadas com Duterte.

Por causa dessa atividade, Ressa tem sido alvo de assédio judicial, com processos contra si que poderão acarretar vários anos de prisão.

Sobre Duterte, Maria Ressa afirmou: “às vezes brinco e digo que realmente poderia a agradecer muitas coisas a Duterte, que me obrigou a definir os meus objetivos, a agarrar-me aos meus valores, e que também obrigou o Rappler a ser mais idealista, melhor, mais rápido, mais motivado pelos seus objetivos e, espero eu, mais forte”.