Os protestos, que continuam a ser considerados "distúrbios" pelas autoridades, começaram com a morte, em 16 de setembro, da curda iraniana Amini, de 22 anos, depois de ter sido presa em Teerão sob a acusação de violar o rígido código de vestuário feminino do país.
"Os hipócritas, os monarquistas, as correntes contrarrevolucionárias e todos os prejudicados pela revolução juntaram-se às manifestações", acusou Raissi perante uma multidão reunida em frente à universidade de Teerão para prestar homenagem aos 200 soldados mortos durante a guerra Irão-Iraque (1980- 1988).
"Os braços da nação estão abertos a todos aqueles que foram enganados. Os jovens são nossos filhos, mas não teremos piedade para com os elementos hostis", insistiu.
As autoridades iranianas acusam os "inimigos" da República Islâmica, como os Estados Unidos e outros países ocidentais, de provocar as manifestações. "Se eles pensam que vão atingir os seus objetivos espalhando boatos e dividindo a sociedade, estão enganados", declarou Raissi a esse respeito.
"Querem enganar-nos, mas nós conhecemo-los e conhecemos também a nossa nação", acrescentou.
As autoridades iranianas afirmam que centenas de pessoas morreram, incluindo dezenas de agentes das forças de segurança, enquanto milhares foram presas nas manifestações nas quais mulheres e jovens têm desempenhado papéis de destaque.
Organizações de defesa dos direitos humanos fora do Irão afirmam que mais de 450 manifestantes foram mortos.
A Justiça iraniana anunciou até o momento 11 condenações à morte por participação nas manifestações. Duas pessoas já foram executadas e duas serão julgadas novamente.
Os ativistas afirmam que mais de 10 pessoas correm o risco de receber a pena capital.
Neste contexto, a ONU nomeou na semana passada três mulheres — uma ativista argentina dos direitos humanos, uma advogada do Bangladesh e uma professora de direito paquistanesa — para investigar a repressão no Irão.
As investigadoras praticamente não têm esperança de poder visitar o Irão para cumprir a sua missão, já que as autoridades iranianas opuseram-se fortemente ao lançamento desta investigação internacional, votada em 24 de novembro pelos 47 membros do Conselho de Direitos Humanos.
Vinte e cinco países votaram sim e seis votaram não (Arménia, China, Cuba, Eritreia, Paquistão e Venezuela), enquanto 16 se abstiveram.
As três mulheres terão de documentar a repressão orquestrada pelas autoridades iranianas e as possíveis violações dos direitos humanos cometidas no país, tendo em vista o lançamento de um eventual processo judicial, no Irão ou no exterior.
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