Numa reunião virtual com jornalistas da Foreign Press Association no Reino Unido, a líder nacionalista expressou a sua opinião sobre as consequências de um cenário hipotético em que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ativasse o Artigo 16 do Protocolo, que permite a uma das partes deixar de aplicar aspetos do acordo, e alertou para o risco de desencadear uma "guerra comercial" com a União Europeia (UE).
Sturgeon confessou que está "profundamente preocupada" com as implicações de suspender o mecanismo que mantém a província britânica no mercado único europeu de mercadorias, a fim de evitar uma fronteira física com a vizinha República da Irlanda, membro da UE.
Em troca, impõe controlos fronteiriços entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido, o que tem conduzido a fricções económicas e tensões políticas.
"A UE fez sugestões muito razoáveis para resolver algumas das questões práticas em torno da aplicação do protocolo e, em vez de se envolver de forma responsável com vista a alcançar um resultado sensato, o Governo de Boris Johnson parece estar continuamente a tentar inflamar tensões, o que me parece ser motivado por razões políticas e ideológicas", disse Sturgeon.
Ao mesmo tempo, considerou que o Executivo de Londres "está a arriscar desencadear uma guerra comercial com a UE que não seria do interesse de ninguém".
A política escocesa disse esperar que "o bom senso prevaleça finalmente", embora estando "profundamente preocupada" com o que pode acontecer "nas próximas semanas".
A política escocesa também abordou a questão da independência escocesa e, depois de se ter declarado "defensora da democracia", recordou que a sua vitória nas últimas eleições foi forjada com base "na proposta de que durante a primeira metade desta legislatura - se a covid-19 o permitir - os escoceses deveriam ter a oportunidade de decidir se querem ou não ser independentes", sublinhou.
Recordando que a Escócia já realizou um referendo de independência em 2014, no qual o "não" à separação venceu, Sturgeon observou que "o mundo mudou bastante dramaticamente" desde então, com fatores como o Brexit, que se materializaram "contra a vontade" dos escoceses.
Na sua opinião, um hipotético referendo deveria ser "democrático, constitucional e legal", embora tenha advertido que "se Boris Johnson quiser negar a democracia, a dada altura terá de levar o Parlamento escocês a tribunal".
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