Os Estados Gerais em Itália, hoje inaugurados pelo primeiro-ministro, visam delinear as principais linhas de um plano económico que será apresentado à Comissão Europeia, no próximo mês de setembro.
“Estamos a passar por um choque sem precedentes, com custos humanos, sociais e económicos muito altos”, disse Conte, referindo-se à crise sanitária que afetou a Itália de forma muito profunda.
Na abertura dos Estados Gerais, na presença de todo o Governo, mas com a ausência da oposição de direita, que boicotou a iniciativa, o primeiro-ministro italiano pediu um “plano corajoso” que seja capaz de “transformar a crise numa oportunidade para remover todos os obstáculos que têm travado o país nos últimos 20 anos”.
“Partilho da mesma conceção da presidente da Comissão Europeia, Úrsula von de Leyen, de que não nos podemos dar ao luxo de voltar ao ‘staus quo’ que precedeu esta crise”, disse Conte.
Para estimular a economia dos países europeus mais afetados pelo novo coronavírus, a Comissão Europeia propôs no final de maio um plano de recuperação de 750 mil milhões de euros – 500 mil milhões em subvenções não reembolsáveis e 250 mil milhões em empréstimos — de que a Itália deve beneficiar em 172 mil milhões de euros.
A modernização de Itália exigirá uma administração pública informatizada mais eficiente, uma economia menos poluente e uma redução das desigualdades e da pobreza, sublinhou Conte, na sua intervenção inicial dos Estados Gerais.
O presidente do Conselho Europeu, o belga Charles Michel, numa intervenção a partir de Bruxelas, prestou homenagem à Itália, o primeiro país na Europa a ser afetado pelo novo coronavírus, dizendo ser necessário “não esquecer o sacrifício dos italianos” e enaltecendo o “exemplo de disciplina, resistência e coragem” que travou a pandemia.
Contudo, Michel alertou os italianos que as negociações entre os 27 membros da União Europeia ainda estavam “cheias de armadilhas” por causa de “diferenças significativas” existentes “no envelope geral, na distribuição de empréstimos e subvenções, sobre os critérios de distribuição de recursos financeiros, sobre as condições de alocação do fundo”.
Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, na sua intervenção também a partir de Bruxelas, parabenizou o governo italiano pelos primeiros esboços do plano estratégico de reforma, que inclui uma melhor proteção das administrações públicas contra o crime organizado, o que permitirá o melhor uso do dinheiro da União Europeia.
“Todos sabemos que o alto nível de dívida pública na Itália expõe o país à mudança de humor dos mercados. Mas, com as reformas certas, a Itália pode aproveitar ao máximo a “Nova geração da UE”, a designação do pacote de estímulo comunitário, sugeriu von der Leyen.
A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, aconselhou a Itália a “não desperdiçar esta crise”, defendendo acima de tudo um ambiente económico favorável às empresas.
A Itália, atingida dolorosamente pela pandemia de covid-19 (com mais de 34.000 mortos), da qual foi o epicentro na Europa, deve sofrer uma queda no seu PIB de 8,3%, em 2020, no cenário mais otimista, uma queda que pode chegar a 14% nas previsões mais pessimistas.
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