"Há muitos anos que dizemos que o Brasil é nossa porta de entrada para o Mercosul. No Brasil, também dizem que Portugal é uma porta de entrada para a União Europeia, mas as portas só são úteis quando são utilizadas. Acho que é hora de abrirmos estas portas", disse.
António Costa, que participou num almoço com o governador mineiro em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, comentou que o sistema de mobilidade urbana baseado no uso de carros elétricos desenvolvido em parceira por instituições de Portugal e Brasil é um exemplo da relação futura que deve ser perseguida entre os dois países.
"Neste regresso de Brasília a Lisboa fiz questão de fazer uma presença [em Belo Horizonte]. Minas Gerais é o estado [do Brasil] onde a federação industrial deu passos mais significativos para passarmos das palavras aos atos dentro desta ideia de que Portugal é a porta de entrada [do Brasil] na União Europeia. Tais portas já existem, mas precisam ser abertas", salientou.
Mais tarde, num encontro com empresários também na capital de Minas Gerais, o primeiro-ministro lembrou que hoje Portugal é o 40.º mercado do Brasil, ocupando o 38.º lugar na lista de seus principais fornecedores. Já o Brasil é o 10.º mercado e o 11.º fornecedor de Portugal.
"As relações económicas entre Brasil e Portugal intensificaram-se nos últimos anos, mas ainda estão muito aquém do que gostaríamos", disse.
Fazendo um balanço da sua visita ao Brasil, António Costa enumerou três momentos importantes.
"O primeiro momento foi a cúpula da CPLP, que marcou o regresso do Brasil à linha de frente da CPLP, com a passagem da presidência do bloco [para o Brasil]. Também foi importante porque aprovámos a estratégia [do bloco] para os próximos 10 anos", referiu, explicando que os outros dois momentos destacados foram uma série de reuniões bilaterais com representantes do governo federal brasileiro e a parceria com o Estado de Minas Gerais nos projetos do carro elétrico.
"A cimeira luso-brasileira há mais de três anos que não tinha lugar, ontem [segunda-feira] teve lugar e traduziu-se numa vontade reciproca de elevar o patamar da nossa cooperação econômica (..). Também considerei importante este contato com o Governo de Minas Gerais", afirmou.
Questionado sobre a notícia do Jornal de Negócios de que já há ameaças de renúncias na gestão da Caixa caso seja forçada a entrega da declaração de rendimentos, o primeiro-ministro enfatizou que não iria fazer comentários no Brasil sobre uma polémica que está a ocorrer em Portugal.
"Eu não vou fazer comentários aqui sobre uma polémica que está a acontecer em Portugal, nem sobre um tema do qual já falei em Portugal. Para mim é um assunto encerrado", concluiu.
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