A maior parte dos incêndios rurais registados este ano tiveram como causas o uso negligente do fogo, como queimas ou queimadas, e fogo posto, indicou o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

O relatório provisório sobre incêndios rurais publicado este ano, referente ao período entre 1 de janeiro e 31 de agosto, precisa que, até à data, as causas mais frequentes em 2021 são uso negligente do fogo (51%) e o incendiarismo (21%).

Neste sentido, escreve esta quarta-feira o Jornal de Notícias (JN) que mais de metade dos detidos por incêndios florestais este ano "foram sujeitos a medidas de coação privativas da liberdade, como prisão preventiva, detenção domiciliária ou internamento compulsivo".

Assim, em 2017 surgiu a Agência de Gestão Integrada de Fogos Florestais e, um ano depois, os Grupos de Trabalho de Redução de Ignições Florestais.

Neste trabalho estão envolvidos elementos da Polícia Judiciária (PJ), da GNR e do ICNF — cerca de quatro ou cinco pessoas "com grande conhecimento no domínio dos incêndios, com grande conhecimento do meio e com grande capacidade operacional, nomeadamente de recolha de informação".

Nas investigações são utilizadas diversas tecnologias, como escutas telefónicas ou localização por telemóvel nas investigações. Com as capacidades existentes nos grupos, é possível investigar todas as vertentes dos fogos e a atuação dos incendiários, o que permite alargar a aplicação de futuras medidas de coação que limitam a liberdade dos detidos.

"Esta ideia de juntar qualidade, numa lógica de complementaridade, tem funcionado bem e um dos efeitos positivos foi o aumento, em 2020, da aplicação, como medida de coação, da prisão preventiva, detenção na habitação ou internamento compulsivo a 64% dos 85 incendiários detidos. Este ano, a percentagem é superior a 50%", explicou ao JN Carlos Farinha, diretor-adjunto da PJ.