O projeto, denominado “Mukafé”, é financiado pela UE por meio da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), e vai ser aplicado nas províncias do Uíje, Cuanza Sul e Cuanza Norte.
Na sua intervenção, o embaixador da França em Angola, Daniel Vosgien, referiu que este projeto é importante e enriquece o conteúdo da cooperação bilateral no setor agrícola, com a revitalização do setor do café em Angola.
“Através da ação combinada das equipas da embaixada de França e da AFD, e no âmbito do nosso acordo de cooperação bilateral assinado em 2018 com Angola (…), queremos prestar o apoio mais abrangente e pragmático possível a este setor do café, que como todos sabemos é crucial para a diversificação da economia angolana e para a sua capacidade de criar empregos de qualidade particularmente nas zonas rurais”, referiu.
O diplomata francês assegurou “o forte interesse da França em utilizar este projeto para ajudar a relançar o setor do café em Angola, com o enfoque especial na qualidade e apoio aos pequenos produtores, a sua formação e melhoria do seu acesso ao mercado”.
Em declarações à imprensa, a coordenadora do projeto “Mukafé”, Júlia Ferreira frisou que as três províncias beneficiárias possuem grande potencial na produção do café robusta, prevendo-se incluir no projeto cerca de 500 mil produtores.
Por sua vez, o diretor do Instituto Nacional do Café, Vasco Gonçalves, sublinhou que a produção do café em Angola cobre cerca de 35 mil hectares, em dez das 18 províncias do país.
Vasco Gonçalves apontou como principais constrangimentos a falta de financiamento para a produção, dificuldades de acesso, nomeadamente das vias terciárias que levam às fazendas de café, o acesso aos ‘inputs’ agrícolas, concretamente enxadas e catanas.
“O país tem potencial de produzir mais de 500 mil toneladas de café, mas neste momento devido às dificuldades que enfrentamos estamos a produzir cerca e 6.000 toneladas de café comercial – o que nós controlamos e registamos – e está a exportar cerca de mil toneladas de café comercial por ano”, salientou.
O responsável frisou que há também necessidade de renovação das mudas, tendo em conta que “as plantações estão praticamente envelhecidas”.
“Precisamos de produzir anualmente no mínimo 40 milhões de mudas para termos por ano cerca de 20 mil hectares renovados”, observou Vasco Gonçalves, enfatizando a necessidade de incentivos para a atração de jovens “para a produção agrícola e em especial a produção do café”.
“O que nós vemos hoje, embora já tenhamos alguns jovens a produzir café, mas até agora é uma atividade que assenta fundamentalmente nas mãos de pessoas já com certa idade, o que não ajuda muito ao desenvolvimento da cultura do café”, realçou.
Em 2021, as províncias do Uíje, Cuanza Norte e Cuanza Sul produziram 82,3% da produção nacional.
Angola, em 1973, produziu 243.780 toneladas e, em 1974, exportou 223.800 toneladas, no valor de 182,4 milhões de dólares (163,1 milhões de euros), tornando-se no quarto maior exportador de café.
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