“Acho que isto é inédito em democracia, um ministro que se recusa a falar com as organizações mais representativas dos professores no sentido de resolver os seus problemas mais prementes”, afirmou o presidente do SPGL, José Costa, que falava aos jornalistas à porta da Escola Básica Marquesa de Alorna, em Lisboa.
Os professores e educadores de infância realizam hoje uma greve nacional para reivindicar diversas medidas, tais como poderem aposentar-se mais cedo ou recuperarem os anos de serviço congelado.
A greve foi convocada pela Federação Nacional de Professores (Fenprof), após diversos pedidos sem resposta para uma reunião com o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, para negociar as principais reivindicações dos docentes.
Para o presidente do SPGL, esta greve é particularmente importante para expor a indisponibilidade do Governo para ouvir os sindicatos, por um lado, a persistência dos professores.
“Pelo menos, tem este lado positivo de conseguir pôr na agenda e mostrar à opinião pública que mesmo num momento destes, tão complexo, os professores estão disponíveis para lutar pelos seus direitos”, disse José Costa.
Também a secretária-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), Isabel Camarinha, que se juntou aos representantes dos professores de Lisboa, criticou a posição do executivo, classificando-a como incompreensível e inaceitável.
“Estar a ser vedado o diálogo é completamente inadmissível num Estado democrático. O Governo tem a obrigação de reunir com os sindicatos, de dialogar e de identificar soluções para os problemas que estão identificados e que exigem mesmo soluções urgentes”, afirmou a líder da CGTP.
Sem conseguir ainda fazer um balanço da greve, José Costa antecipou que a adesão seja menor que habitualmente, mas adiantou que algumas escolas, sobretudo do 1.º ciclo e pré-escolar, encerraram.
Não foi o caso da escola Marquesa de Alorna, que esteve aberta durante a manhã, mas o dirigente sindical explicou que à tarde o cenário pode mudar devido à atual divisão dos docentes na maioria das escolas entre os dois períodos.
“Por exemplo, o número de professores que está presente nesta escola de manhã não é o que estará logo à tarde e portanto o balanço não pode ser feito só com esses números”, justificou.
Quase 150 mil docentes desde o pré-escolar até ao ensino secundário estão abrangidos pelo protesto convocado pela Fenprof.
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