“Comprova-se que é na comunidade, em projetos comunitários, como no centro da Abraço no Porto, que [a PrEP] tem mais acessibilidade, tanto para as pessoas que procuram essa tecnologia de prevenção, como para os profissionais [de saúde]”, afirmou à agência Lusa o coordenador dos centros de rastreio da Abraço, Pedro Morais.
O projeto abrange a Abraço (associação que presta apoio a pessoas infetadas e afetadas pelo vírus da imunodeficiência humana) e o Centro Hospitalar Universitário do Porto (CHUP), estrutura que inclui o Hospital de Santo António, e o Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), no qual participaram 93 homens e 16 profissionais de saúde.
De acordo com Pedro Morais, a maioria dos utilizadores de PrEP aguardou cerca de sete semanas pela sua primeira consulta.
“No início começou com duas semanas [de espera]. Essas sete semanas representam já o final dos dois anos de consulta aberta, onde a consulta realmente foi acumulando peças e ficando com menos vagas. Mas, para a realidade de Portugal, ainda assim, é um número bastante bom”, salientou.
Considerada uma intervenção eficaz de prevenção do vírus da imunodeficiência humana (VIH), a PrEP consiste na toma de um medicamento para prevenir a infeção em pessoas seronegativas, ou seja, não portadores de VIH.
O coordenador do Centro Comunitário da associação, na Rua da Torrinha (Porto), lembrou que a PrEP foi implementada em Portugal em 2018 e “começou exclusivamente em contexto hospitalar”.
“Quem queria fazer esta prevenção tinha de se dirigir ao hospital e sabemos que em Portugal, pelo menos, as pessoas não têm muita cultura de frequentar hospitais. Há barreiras para as pessoas irem até um hospital e ao serviço hospitalar e à farmácia hospitalar para encontrar esta forma de prevenção, e então abrimos [um projeto] na comunidade”, através de consultas descentralizadas, realçou.
Segundo o responsável, a iniciativa da Abraço “é uma estrutura de proximidade”, na qual as pessoas têm acesso a médicos durante dois dias por semana.
“Este projeto está para continuar. Neste momento, é apenas financiado pela Abraço, por isso, sendo uma organização não governamental (ONG), não tem muita capacidade, mas tem a expectativa e a esperança que no futuro seja apoiado pela estrutura do Estado, porque é essencial que funcione e percebemos que é na comunidade onde funciona”, observou.
Ainda assim, as consultas nos hospitais continuam a acontecer, mas desta forma é possível envolver as ONG e retirar peso aos hospitais no que diz respeito à espera por consultas ligadas a doenças infecciosas.
“Estamos a fazer força para que [a PrEP] passe para projetos comunitários, para estar de forma muito mais acessível [à população]”, sublinhou.
Na prática, a PrEP permite, a quem tem consciência de que tem comportamentos de risco, adicionar ao seu dia a dia uma ferramenta de prevenção.
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