“Este governo alterou o paradigma do transporte interilhas, este governo apostou claramente e decididamente no transporte aéreo. Não vale a pena pensar que foi de maneira diferente, foi conscientemente”, afirmou a secretária do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, Berta Cabral, na Assembleia Regional, na Horta.
Berta Cabral, que falava na discussão do Plano e Orçamento para este ano, respondia a uma intervenção do deputado do PS José Ávila que considerou que a estratégia do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) para o transporte marítimo coloca em causa a coesão do arquipélago.
A secretária Regional lembrou a criação da Tarifa Açores (que permite voos entre as ilhas a 60 euros para residentes no arquipélago) para defender que os açorianos corresponderam às políticas do executivo.
A governante destacou ainda que as novas Obrigações de Serviço Público para o transporte marítimo de passageiros a partir de 2026 incluem a possibilidade de uma ligação entre São Miguel e Santa Maria, “sobretudo em época alta”.
Na resposta, o socialista José Ávila alertou que o “transporte marítimo não substitui o transporte aéreo”.
“Lamento que a senhora entenda que o valor despendido no transporte marítimo é uma despesa. Eu acho que é um investimento”, salientou.
Durante o debate do Plano e Orçamento para 2024, o deputado do PSD Francisco Gaspar levou também à discussão os investimentos nos centros de saúde de Nordeste e Povoação e a compra do terreno para o novo centro de saúde da Ribeira Grande, realçando igualmente a intervenção para reforçar a orla costeira das Calhetas, em São Miguel, uma obra “reclamada há 20 anos e negligenciada pelos governos regionais do PS”.
Já o deputado da IL, Nuno Barata, avisou que, apesar dos “recordes do turismo”, ainda existe um elevado número de camas que não estão ocupadas, reivindicando medidas para mitigar a sazonalidade.
Pelo Chega, José Sousa questionou o Governo Regional sobre a reconstrução do porto das Lajes das Flores, tendo Berta Cabral prometido que a obra se vai “iniciar com toda a certeza” este ano.
Numa intervenção na tribuna do parlamento, a secretária regional disse também querer dar “prioridade absoluta” à “boa execução” do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e reconheceu o desafio de responder às "necessidades imediatas" do hospital de Ponta Delgada devido ao incêndio de 04 de maio.
“Em matéria de obras públicas deparamo-nos, porventura, com o maior desafio, não só pela prioridade na execução de várias obras no âmbito do PRR, mas também pela emergência na resposta às necessidades imediatas do hospital de Ponta Delgada que não estavam, naturalmente, previstas aquando da estruturação do plano de investimentos”, declarou Berta Cabral.
O parlamento açoriano está a debater as propostas de Plano e Orçamento Regional 2024, sem a ameaça do chumbo do documento apresentado pelo executivo de coligação PSD/CDS-PP/PPM, mas com o sentido de voto do PS ainda “em aberto”.
A proposta de Orçamento, que define as linhas estratégicas do executivo de coligação para este ano, contempla um valor de 2.045,5 milhões de euros, semelhante ao apresentado em outubro de 2023 (2.036,7 milhões).
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