No final da audição de hoje do secretário de Estado João Nuno Mendes, o deputado socialista falou aos jornalistas e começou por saudar o facto de se ter voltado “a discutir a TAP” nesta comissão de inquérito, considerando que estas duas últimas semanas mostraram que é “absolutamente diferente quando a discussão se faz sobre isso”.

Questionado sobre o pedido do Chega para prolongar os trabalhos desta comissão por mais três meses, Bruno Aragão respondeu que “neste momento não há nada que aponte para uma necessidade de prolongamento dos trabalhos”, recordando que “houve uma consensualização do calendário”, que está a ser cumprido e que “todos os partidos têm feito um esforço imenso para que as audições decorram como estava planeado”.

O socialista referiu ainda que o pedido do partido para ouvir de novo João Galamba e a sua chefe de gabinete vai ser chumbado liminarmente.

“Há uma coisa que nós sentimos, já sentíamos há algum tempo, os portugueses pedem-nos conclusões e aqui utilizaria as palavras do senhor primeiro-ministro, doa a quem doer”, enfatizou.

Segundo Bruno Aragão, “depois de 43 audições, mais de dois meses a ouvir pessoas, a ler documentos, a tentar montar as diferentes partes deste processo”, aquilo que é pedido é que “concluam o que tiverem a concluir”.

“Tornem-nas transparentes, apresentem-nas, façam sobre elas o debate que deve ser feito com a serenidade que deve ser feito. Concluam o processo”, defendeu.

Considerando que “as conclusões tiram-se no fim”, para o socialista “esta semana foi muito elucidativa sobretudo de dois momentos onde havia alguma dúvida”.

“Temos relativamente a 2015 a noção hoje clara do que foram duas peças fundamentais para que aquela reprivatização tivesse ocorrido, que surgem no último mês desse processo: as cartas de conforto que permitem que o estado garanta a dívida da empresa e que levam a que o Tribunal de Contas afirma que, apesar da privatização de 61%, o estado se assemelha a um acionista único”, afirmou.

Para o PS, outra peça fundamental é o “parecer que suporta os fundos Airbus que foram uma peça fundamental para capitalizar a TAP”.

“Uma peça que faltava fechar foi como é que se tomaram um conjunto de decisões que levaram à opção do estado colocar 3,2 mil milhões de euros numa empresa estratégica para Portugal”, disse.