Carlos César reagiu às críticas feitas pelo líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, que horas antes acusara o PS de ter aberto "uma ferida profunda no relacionamento interpartidário" ao recusar o nome de Teresa Morais para suceder ao antigo vice-presidente social-democrata Paulo Mota Pinto no lugar de presidente do Conselho de Fiscalização das "secretas" portuguesas.
Perante os jornalistas, o presidente dos socialistas respondeu que o PS "não é uma fotocopiadora" das propostas do PSD e, como tal, "não está obrigado na Assembleia da República a concordar com todos os nomes que lhe são propostos".
Carlos César desvalorizou também o pedido de Luís Montenegro para que o secretário-geral socialista, António Costa, tenha uma intervenção neste impasse em torno da escolha do presidente do Conselho de Fiscalização das "secretas".
"Ao contrário do que acontece no PSD, o líder parlamentar do PS e o secretário-geral do PS articulam e coordenam eficazmente as suas posições", disse.
Em abril passado, o PS manifestou disponibilidade para apoiar a continuidade de Paulo Mota Pinto no cargo de presidente do Conselho de Fiscalização do SIRP, numa eleição que requer uma maioria de dois terços na Assembleia da República e que implica um acordo entre socialistas e sociais-democratas na Assembleia da República.
Perante a escolha do PSD de indicar a sua vice-presidente Teresa Morais, Carlos César referiu que informou Luís Montenegro que, "em nome do Grupo Parlamentar do PS", pela sua parte, "não poderia subscrever a candidatura" da deputada social-democrata.
"O PS é um partido de palavra e não subscreveria uma candidatura para depois os deputados socialistas, no seu pleno exercício e com plena liberdade, não honrassem essa assinatura", disse - aqui numa alusão crítica ao episódio do ano passado quando se registou um chumbo à primeira candidatura do antigo ministro socialista Correia de Campos ao cargo de presidente do Conselho Económico e Social (CES).
Depois, numa nota de abertura à continuidade de conversações políticas, Carlos César defendeu que, nas atuais circunstâncias, "deve ser apresentado um candidato que reúna consenso" para liderar a fiscalização das "secretas".
"É para isso que todos temos de trabalhar. O PS é um partido de cultura democrática, preza o diálogo, procura o consenso - e é nisso que temos de continuar a concentrar os nossos esforços", afirmou o presidente dos socialistas.
Interrogado sobre qual a razão para o PS aceitar a recondução do social-democrata Paulo Mota Pinto no cargo, mas recusar a candidatura da vice-presidente do PSD Teresa Morais, que no passado já assumiu funções do Conselho de Fiscalização do SIRP, Carlos César respondeu: "O PS não tem uma gestão totalitária da sua representação e cada deputado tem liberdade para avaliar aquilo que, no seu entendimento, é melhor a Assembleia da República designar em cada circunstância e em cada circunstância".
"Neste caso, o entendimento maioritário é que a pessoa em causa não tinha o perfil adequado", insistiu o líder da bancada socialista.
Ainda em relação às críticas de que foi alvo por parte do líder parlamentar do PSD, Carlos César deixou uma advertência: "Não tenho de dar satisfações ao dr Luís Montenegro, exceto aquilo que é a opinião do PS".
"A posição do PS é que a pessoa em causa não tem o perfil para o cargo e que é importante continuar a dialogar para que seja possível fazer essa eleição", acrescentou Carlos César.
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