Na abertura do debate sobre saúde requerida pelo PSD, na Comissão Permanente do parlamento, o vice-presidente da bancada social-democrata Ricardo Baptista Leite afirmou que, no próximo dia 30 de janeiro, data das legislativas, “o PSD assume-se como a única alternativa reformista capaz de recuperar o Serviço Nacional de Saúde, com rigor e sem facilitismos”.
O deputado e médico acusou Marta Temido de “navegar à vista” e apontou problemas como as ruturas nos serviços de urgência, os portugueses sem médico de família ou o agravamento das listas de espera.
“É este o vosso legado. Os seis anos de governação socialista colocaram em causa a existência futura do Serviço Nacional de Saúde”, acusou.
Sobre as recentes declarações de Marta Temido, Baptista Leite questionou a ministra sobre o que “considera que falta aos profissionais do SNS”.
“Considera pouco resilientes aqueles que no início da pandemia arriscaram a sua segurança e a saúde dos seus entes queridos, para tratar os doentes covid-19 quando pouco ou nada se sabia sobre o vírus? Ou considera pouco resilientes aqueles que fazem milhões de horas extraordinárias, deixando muitas vezes as suas famílias para trás, de modo a manter os serviços de saúde a funcionar?”, disse.
Para Baptista Leite, “resiliência é os profissionais continuarem a trabalhar pelos doentes e a lutar pelo SNS, apesar da governação” socialista.
No final do debate, a ministra da Saúde fez questão de responder ponto por ponto à intervenção de Ricardo Baptista Leite e referir-se à governação do anterior executivo PSD/CDS-PP (2011-2015).
“A resiliência foi ter visto os profissionais de saúde a resistirem a cortes salariais, ao aumento do horário de trabalho, a cortes no subsídio, a redução dos períodos de descanso e a um conjunto de aspetos a que foram submetidos há não muitos anos”, apontou, dizendo que o atual Governo procurou repor esses direitos.
Marta Temido desafiou ainda o PSD a explicar se, quando fala em alternativa reformista, “quer dizer aumentar as taxas moderadoras, revogar a Lei de Bases da Saúde ou voltar a diminuir o Orçamento do Estado da saúde em 800 milhões de euros, como já foi feito”.
A ministra admitiu que “há problemas no Serviço Nacional de Saúde”, mas recusou que este esteja pior do que no início da governação socialista.
“O SNS não fez tudo perfeito, tem muito para fazer e tudo para melhorar, mas conseguiu manter uma resposta assistencial à população e conseguiu responder a uma pandemia”, frisou.
Durante o debate, a maioria dos partidos deixaram muitas críticas sobre a atuação do Governo na área da saúde, com o deputado do BE Moisés Ferreira a questionar uma nova injeção extraordinária no SNS.
“Durante onze meses não se dá instrumentos de gestão de que o SNS necessita, tem de se contratar fora, no privado, e depois vem uma injeção extraordinária para pagar dívida acumulada”, criticou.
Também a deputada do PCP Paula Santos lamentou que o Governo não tenha aproveitado as propostas do partido que teriam permitido “dotar o SNS de mais meios” e feito mais contratações para os cuidados de saúde primários.
A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, criticou o Governo pela não divulgação dos pareceres setoriais sobre a vacinação de crianças, tal como o deputado do CDS-PP, Miguel Arrobas, que afirmou que o partido não é contra esta vacinação, mas defende que tem de ser uma decisão científica e não política.
O deputado único da Iniciativa Liberal, Cotrim Figueiredo, insistiu no mesmo tema das vacinas e questionou ainda a ministra se não será “uma boa altura” para repensar todo o sistema de saúde.
Já o deputado único do Chega, André Ventura, perguntou como pode “não haver dinheiro para contratar médicos”, mas haver “tanto dinheiro para desperdiçar em tudo o que não interessa em Portugal, como acolher refugiados e dar-lhes casa”.
Pelos Verdes, a deputada Mariana Silva elogiou a “entrega sem limites” dos profissionais de saúde, mas alertou que, a não serem tomadas medidas, pode estar a chegar-se “a um ponto de não retorno”.
(Notícia atualizada às 18h07)
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