Na sessão solene dos 50 anos do 25 de Abril, o PSD escolheu uma deputada de 27 anos, que foi dirigente estudantil, para discursar, ao contrário da maioria dos partidos, que optaram pelos seus líderes.
Na sua intervenção, Ana Gabriela Cabilhas, com um cravo no vestido branco, defendeu que não se pode aceitar que “a melhor versão” da democracia tenha ficado no passado, “cristalizada na Revolução dos Cravos”.
Nos 50 anos da democracia, considerou, é necessária “uma democracia melhorada e reconciliada com o povo, que não se contenta em sobreviver, mas que procura florescer com a intensidade de abril de 74, de novembro de 75 ou da ida às urnas para a Assembleia Constituinte”.
“A voz do povo é a maior força da democracia. Por isso, a Casa da Democracia deve escutar o povo, para devolver ao povo a concretização das suas legítimas expectativas”, disse.
Para a jovem deputada, a solução passa pelo parlamento e por cada um dos deputados: “Recusando que os extremistas radicalizem a sociedade, dividindo-a em dois: os políticos e o povo. Não!”
“Os políticos estão ao serviço do povo. Os políticos são também eles o povo (…) Porque aqui não há nós e eles, somos todos Portugal”, disse, numa das várias passagens do seu discurso que também mereceu aplausos da bancada do PS, além das do PSD e CDS-PP.
A deputada defendeu que a liberdade tem de estar associada à “verdadeira igualdade de oportunidades”.
“A igualdade de oportunidades vem com a solução aos problemas das pessoas que sabemos existirem, e para os quais este Governo e esta Assembleia estão dedicados em resolver”, disse.
Para Ana Gabriela Cabilhas, tal passa por elevar o debate político, convocar “a tolerância e o diálogo para a atividade parlamentar” ou reforçar a responsabilização dos titulares de cargos públicos.
“Percebendo que aqui não são os partidos que ganham ou perdem, são os portugueses que têm de ganhar”, considerou.
A deputada do PSD defendeu que devem ser rejeitados os extremismos e populismos, “qualquer revisionismo histórico de saudade soviética”, e também “vagas ‘wokistas'”, a que chamou “a nova censura do bem”.
“Substituindo a política de café e do comentário nas redes sociais, por mais participação na comunidade. Rompendo com os interesses instalados. Concretizando as reformas de que o país grita. Dizendo não, não a quem quer dividir o país”, apelou.
A deputada considerou que “o futuro da democracia não é certo”, mas que a forma como for preparado é “a chave para a defender melhor”.
“Com mais progresso, solidariedade, mais respeito pelas pessoas e pela dignidade que a todos deveria estar consagrada, pelo planeta e os seus recursos”, disse.
No final da sua intervenção, deixou uma palavra para os militares e combatentes a quem disse que o país tem “uma dívida de gratidão” e a todos os portugueses, “dos mais novos aos mais velhos”, “do interior e do litoral”.
Ana Gabriela Cabilhas foi aplaudida, no fim, de pé pela bancada do PSD e, sentados, pelos deputados do CDS-PP e vários do PS.
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