Em entrevista ao programa Hora da Verdade, da Rádio Renascença e jornal Público, hoje divulgada, Paulo Rangel justificou a decisão recordando que disputou eleições no final de novembro com o atual presidente Rui Rio (que perdeu por cerca de 47,6% dos votos).
“Espaço para avançar não tenho dúvidas que existia, mas é um processo muito fresco, foi há quatro meses, sinceramente acho que neste momento não devo ser candidato. Não posso estar a candidatar-me de quatro em quatro meses”, justificou Rangel, que disputou pela primeira vez a liderança em 2010, que perdeu para Pedro Passos Coelho.
O eurodeputado recusou que essas duas derrotas internas sejam a razão para não se recandidatar às eleições marcadas para 28 de maio, considerando que, no final do ano passado, “era a pessoa que estava em melhores condições para liderar o partido”.
“Penso que toda a gente compreende que são circunstâncias bastante diferentes e agora deve ser outro ou outros a tomarem essa dianteira”, afirmou, salvaguardando que não se trata de “uma retirada do partido” ou das suas responsabilidades.
Quanto a possíveis candidatos à liderança, Rangel afirmou que “há com certeza nomes muito fortes” e disse esperar que eles se apresentem.
“Para mim o que é fundamental é que o partido, depois desse processo eleitoral, nomeadamente no Congresso, possa ter soluções de unidade. O líder que for eleito, qualquer que ele seja, vai ter uma tarefa muito difícil e merece uma colaboração muito próxima e muito leal”, disse.
Questionado se está disponível para ele próprio contribuir, respondeu afirmativamente: “Estou totalmente disponível para colaborar com a nova liderança, isso sem dúvida alguma”, afirmou.
Quanto a manifestar apoio a algum candidato durante a campanha interna, Rangel disse não se querer comprometer, até porque ainda ninguém formalizou esse passo.
“É um exercício de conjetura que não posso obviamente fazer”, afirmou.
Na entrevista à Renascença e Público, o eurodeputado elencou vários nomes que foram sendo apontados como potenciais candidatos à liderança do PSD, como Luís Montenegro, Ribau Esteves, Pedro Rodrigues, Miguel Pinto Luz ou Carlos Moedas, admitindo que não estarão todos “na mesma gama”, e dizendo que há “muitos outros militantes” que podem colaborar ao mais alto nível.
“Eu não estou muito preocupado, sei que há gente que acha que há uma falta de quadros no PSD, eu não estou muito preocupado”, refere.
Questionado se Rui Rio tem legitimidade para indicar os nomes para a direção da bancada e Conselho de Estado, Rangel admitiu que sim, do ponto de vista estatutário e formal, mas considerou que uma “direção transitória” deve respeitar essa condição.
“Ou as escolhas que faz terem isso em conta, outra forma é dialogar com várias personalidades para encontrar uma plataforma (…) Se fosse eu, teria em conta o caráter transitório das minhas funções, mas cada um sabe de si”, afirmou, assegurando que, numa situação semelhante, não se indicaria a si próprio para o órgão de consulta do Presidente da República.
Paulo Rangel afirmou ainda que o partido enfrenta “uma situação difícil”, com a maioria absoluta do PS nos próximos quatros e “um rearranjo da direita moderada e não moderada”, mas discordou dos que defendem a necessidade de fazer um debate ideológico.
“O PSD foi sempre de centro-direita, ponto final”, considerou.
O Conselho Nacional do PSD aprovou na segunda-feira à noite, sem votos contra, o calendário proposto pela direção: eleições diretas em 28 de maio (com eventual segunda volta em 04 de junho) e Congresso entre 01 e 03 de julho, no Coliseu do Porto.
Por enquanto, não há nenhum candidato assumido à liderança (têm de se apresentar até 16 de maio), mas é praticamente certo o avanço do antigo líder parlamentar Luís Montenegro.
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