“Este conselho regional foi para decidir marcar eleições diretas para a liderança do partido, com o respetivo calendário, bem como o congresso. A seu tempo, depois, e com a decisão de candidaturas, sejam elas quais forem, serão comunicadas”, adiantou, aos jornalistas, o presidente do conselho regional, José Manuel Bolieiro.
Questionado sobre se avançaria com uma candidatura o dirigente social-democrata, que é presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada e vice-presidente do PSD nacional, disse que “a seu tempo” revelará a sua decisão.
“Aqui fizeram-se várias interpretações possíveis. O José Manuel Bolieiro pode decidir e vai decidir em comunicado”, salientou.
O líder do PSD/Açores, Alexandre Gaudêncio, alvo de uma investigação da Polícia Judiciária por suspeita de violação de regras de contratação pública, de urbanismo e ordenamento do território na Câmara Municipal da Ribeira Grande, anunciou a sua demissão do cargo em 15 de outubro, acrescentando que iria pedir eleições internas diretas.
À saída do Conselho Regional do PSD/Açores, realizado na freguesia da Terra Chã, na ilha Terceira, durante mais de quatro horas, Alexandre Gaudêncio rejeitou revelar aos jornalistas se se pretendia recandidatar à liderança do partido.
“Eu pessoalmente quis dar nota que, de forma desprendida, deixo o lugar à disposição para que possam aparecer outras alternativas para a liderança do partido. Não ficou mencionado aqui hoje se sou recandidato ou não, apenas e só que gostaria que sejam os militantes a partir deste momento a clarificar essa situação interna do partido. Quanto a futuros candidatos logo se verá”, apontou.
José Manuel Bolieiro disse, no entanto, posteriormente, aos jornalistas que Alexandre Gaudêncio apresentou a sua demissão no conselho regional e disse que “não seria recandidato”.
Destacando que o conselho regional serviu para “esclarecer aquilo que era para esclarecer à porta fechada como deve ser feito”, o líder demissionário do PSD/Açores frisou que quer ser “parte da solução e não parte do problema”, acrescentando que o partido “tem quadros mais do que suficientes” para enfrentar as eleições regionais nos Açores em 2020.
“Esta nuvem que paira sobre a cabeça do líder do partido atual vai ser dissipada, porque abdicando do seu lugar vai querer uma clarificação interna do partido e com certeza vão aparecer alternativas credíveis”, sublinhou Alexandre Gaudêncio.
Quem também não revelou se será candidato à liderança do PSD/Açores foi Pedro Nascimento Cabral, que há cerca de um ano disputou o cargo com Alexandre Gaudêncio.
“O processo está em aberto. Estão a ser encetadas conversações, como é natural, e estou convencido de que estas conversações irão chegar a bom porto, sempre enaltecendo os superiores interesses do PSD”, salientou.
Pedro Nascimento Cabral defendeu que o PSD/Açores “está a passar os seus momentos mais difíceis” e que, por isso, precisa de uma “reflexão profunda” com vista à “consensualização de um único candidato”.
“Nós temos eleições regionais dentro de muito pouco tempo e a seguir eleições autárquicas que são muito importantes para o futuro do PSD e, nesse sentido, nós temos de sair daqui a falar a uma só voz, unidos, coesos na nossa interpretação do que deve ser o projeto do PSD para os Açores”, sustentou.
Sem revelar o nome do candidato que entende ser mais consensual, o dirigente social-democrata admitiu que “José Manuel Bolieiro é uma voz que o PSD ouve já há muitos anos”.
O dirigente do PSD/Açores Ricardo Pacheco, que chegou a anunciar a intenção de se candidatar à liderança do partido, disse também que tomará uma decisão “nos próximos dias”.
“Eu não sou pessoa de usar dois discursos. Tenho a minha posição sobre aquilo que entendo que é o futuro do partido. Estou a refletir. Nos próximos dias tomarei uma decisão firme em relação a isso, porque parece-me que o partido, antes de fazer oposição tem de ser proponente, tem de ter posição para depois fazer oposição”, afirmou.
Manifestando-se disponível para “conversar” com José Manuel Bolieiro, que descreveu como um “militante notável” e “bem preparado”, e com outros candidatos, Ricardo Pacheco ressalvou que há “princípios” dos quais não abdica e que não passará “cheques em branco”.
“Se esse candidato aceitar de uma vez por todas abraçar certas lutas que são tão caras aos açorianos, mesmo com prejuízo de certos interesses, eu admito recuar, mas como até ao presente momento não vejo essa intenção estou seriamente a ponderar efetivamente avançar à liderança”, apontou.
Defensor da saída de Alexandre Gaudêncio, o dirigente social-democrata sublinhou que, “se avançar, será para servir o PSD” e não para se “servir do PSD”, alegando que “não tem a máquina do partido, mas tem o coração dos militantes”.
(Artigo atualizado às 22:37)
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