Durante uma ação na Escola Silva Gaio, em Coimbra, dirigida a várias dezenas de alunos do 3.º ciclo, o agente principal da PSP de Coimbra Agostinho Rodrigues afirmou que um dos fatores para ocorrer ‘bullying’ em ambiente escolar é "a falta de supervisão nas escolas".
Constatando uma falta de funcionários nos estabelecimentos que supervisionam, o agente da Escola Segura realçou que a falta de assistentes operacionais significa que "há menos olhos em cima dos alunos", potenciando assim a ocorrência do fenómeno.
Em declarações aos jornalistas, a diretora do Agrupamento Coimbra Centro, Conceição Gomes, confirmou que há falta de assistentes operacionais nas 27 escolas daquele agrupamento, o que torna "mais difícil identificar o ‘bullying’, bem como outro tipo de situações".
De acordo com Agostinho Rodrigues, a 2.ª Esquadra da PSP de Coimbra não identificou nenhum caso de ‘bullying’ nas mais de 50 escolas dentro da sua jurisdição no último ano letivo, referindo que o que acontece são "atos isolados confundidos com o ‘bullying’", que pressupõe uma ação continuada ao longo do tempo.
Durante a sessão, Agostinho Rodrigues bateu quase sempre na mesma tecla: "Denúncia, denúncia, denúncia".
"Temos que denunciar. A denúncia é a palavra-chave", vincou.
Já outro agente da Escola Segura, Jorge Rola, deixou um aviso à plateia de crianças: "Não se esqueçam que o ‘bullying’ é crime e é punido. A partir dos 16 anos, podem ir para a prisão, e antes dessa idade há outras formas de punição".
"Não tenham medo de serem chamados queixinhas. Neste caso, ao denunciarem, não são queixinhas, porque estão a tentar ajudar alguém", frisou o agente Rola, chamando ainda a atenção para o potencial de ‘cyberbullying’ em grupos de mensagens.
Recordando que muitas vezes os jovens criam "grupos de mensagens de turmas", salientou que estes "põem lá asneiradas a torto e a direito sobre outras pessoas".
"Se alguém tem essas ideias é melhor acabar por aqui, porque é muito fácil apanhar esse tipo de ‘bullying’. Isso é crime e tem que ser punido", frisou.
Recorrendo ao ‘powerpoint’, onde era apresentado um círculo que enquadrava as diferentes pessoas associadas a um crime de ‘bullying’ - entre o que pratica, o que acaba por participar e o que ignora - o agente Jorge Rola salientou que os que praticam são "os cobardes" e os que ignoram "são o setor das avestruzes, que enterram a cabeça na areia e não fazem nada".
"Não queiram ser cobardes nem avestruzes", apelou o agente da PSP.
Antes dessa intervenção, Agostinho Rodrigues explicava aos alunos que a denúncia pode ser também uma forma de ajudar os agressores, já que comportamentos de agressão física ou verbal podem indicar que essas crianças também têm problemas, como, por exemplo, um clima violento no seio familiar.
No final da sessão e em declarações aos jornalistas, o subcomissário da 2.ª Esquadra de Coimbra, Vitor Cucu, salientou que, para casos de ‘bullying', é fundamental uma "articulação com os estabelecimentos de ensino", por forma a que haja uma intervenção conjunta perante "problemáticas que vão sendo identificadas no seio escolar".
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