Sem apontar números, Putin referiu, citado pela agência russa Tass, que os franceses que “estão a lutar lado a lado” com os soldados russos “batizaram a sua unidade, tal como os seus avós e bisavós, de Normandie-Niemen”, numa referência à esquadrilha da Força Aérea da França que apoiou as tropas soviéticas durante Segunda Guerra Mundial.

Durante um encontro com estudantes, por ocasião das comemorações do 80.º aniversário da vitória soviética sobre a Alemanha nazi, o líder do Kremlin observou que “sempre houve pessoas que partilharam e continuam a partilhar os princípios e valores” da Rússia.

“Na Europa, há muitas pessoas que partilham a nossa posição. Algumas permanecem em silêncio, poucas têm a ousadia de expressar a sua opinião”, lamentou, acreditando, no entanto, que a situação vai mudar: “Cedo ou tarde, as relações entre a Rússia e a Europa serão restabelecidas. Não restam dúvidas”.

A presença de combatentes estrangeiros nas forças russas e ucranianas tem sido assinalada pelos dois lados do conflito desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022.

Formalmente, o único país estrangeiro assumido como parte no conflito foi a Coreia do Norte, com a presença de milhares de combatentes na região russa de Kursk, que foi invadida pelas tropas ucranianas em agosto do ano passado.

Na segunda-feira, Vladimir Putin agradeceu “o heroísmo e a dedicação” dos combatentes norte-coreanos em Kursk, quebrando o silêncio que perdurava há meses sobre o envolvimento de Pyongyang.

Segundo um deputado e membro do comité de Informações do parlamento da Coreia do Sul, cerca de 600 soldados norte-coreanos morreram em combate ao lado da Rússia.

As tropas norte-coreanas sofreram pelo menos 4.700 baixas, incluindo cerca de 600 mortes, afirmou hoje Lee Seong-kweun aos jornalistas após uma reunião com os serviços de informações da Coreia do Sul.

“A Coreia do Norte apoiou a reconquista de Kursk pela Rússia, mobilizando 18 mil soldados em duas fases. Desde março, quando Kursk foi efetivamente recapturada, o número de confrontos diminuiu”, explicou o parlamentar.

Após mais de três anos de conflito, a mediação dos Estados Unidos procura um acordo de cessar-fogo, ao mesmo tempo que prosseguem os combates e os bombardeamentos intensivos das forças de Moscovo na Ucrânia.

As declarações de Putin hoje sobre a participação de combatentes franceses surgem um dia após Paris ter acusado os serviços de espionagem de Moscovo de uma campanha de ciberataques em grande escala que dura há anos, visando entidades públicas e privadas e incluindo a campanha de 2017 do atual Presidente Emmanuel Macron.

A embaixada russa em França lamentou hoje “acusações infundadas”, no seguimento da acusação dirigida pelo chefe da diplomacia de Paris, Jean Noel Barrot, sobre ciberataques dirigidos pelos serviços de informações militares russos (GRU) contra pelo menos dez entidades francesas.