O valor de venda da pintura "A Anunciação" estabelece um novo recorde para obras de Álvaro Pires de Évora vendidas em leilão. Presente no leilão, a agência Lusa não conseguiu confirmar se o Estado português é o comprador, apesar do interesse manifestado pelo Museu Nacional de Arte Antiga.
A licitação do quadro começou nos 100 mil euros, com uma oferta garantida, a compra foi feita por um anónimo, por telefone, depois de uma disputa entre três licitadores, todos ao telefone.
O quadro, que pertencia a um colecionador privado, tem 30,5 por 22 centímetros.
Em janeiro, o Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, apresentou formalmente uma proposta à Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) no sentido de a obra ser adquirida pelo Estado português, sustentando a sua relevância para o património nacional. No documento enviado à DGPC, os responsaveis do museu apresentavam o leilão como uma "oportunidade rara".
Contactado pela agência Lusa há duas semanas, sobre uma possível aquisição, o Ministério da Cultura disse que a DGPC tinha recebido a proposta e estava a analisá-la, escusando-se a adiantar mais informações sobre a ida da obra a leilão avançada pelo jornal "Público".
De acordo com os dados presentes no catálogo da Sotheby's, a posse do quadro remonta à família do colecionador suíço Heinz Kisters (1912-1977), que o vendeu ao antigo chanceler alemão Konrad Adenauer (1876-1967), e o adquiriu de novo, mais tarde, aos herdeiros do primeiro chefe de Governo da Alemanha Ocidental, chegando o quadro por herança ao atual dono.
O cadastro dá conta apenas de duas exposições públicas do quadro: a primeira em Estugarda, na Alemanha, em 1959, integrado numa mostra dedicada a antigos mestres, e, mais tarde, na exposição "Álvaro Pires de Évora: um pintor português na Itália do Quattrocento", do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, para a Lisboa 1994 -- Capital Europeia da Cultura, emprestado pelo seu proprietário.
Ainda segundo o catálogo da Sotheby's, o quadro fez parte dos lotes do leilão da chamada "Coleção Konrad Adenauer", realizado pela Christie's, em Londres, em junho de 1970, tendo ficado sem comprador.
Em Portugal, existe apenas um quadro de Álvaro Pires de Évora.
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