A ONG também indicou que, desde a semana passada, foram registadas novas 19 detenções políticas no país e que mais de nove mil pessoas continuam “submetidas arbitrariamente” a restrições à liberdade.
“Balanço de presos políticos registados pelo Foro Penal na Venezuela: 1.953 presos políticos dos quais 1.824 desde 29 de julho de 2024 [início dos protestos pós-eleições presidenciais]. Registámos e qualificámos o maior número de presos políticos conhecido na Venezuela, pelo menos no século XXI, e continuamos a receber e a registar detidos”, denunciou a ONG na rede social X.
De acordo com a FP, entre os detidos, 1.711 são homens e 242 mulheres e 1.792 são civis e 161 militares, incluindo 69 adolescentes.
A ONG precisou ainda que apenas dos 148 detidos foram condenados por tribunais.
“Desde 2014 foram registadas 17.939 detenções políticas na Venezuela. O FP assistiu gratuitamente a mais de 14.000 detidos, hoje, excarcerados e a outras vítimas de violações dos seus direitos humanos”, referiu a ONG.
Em 20 de outubro, centenas de pessoas anti-regime manifestaram-se em vários países para pedir ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) que ajude as crianças detidas na Venezuela após as eleições presidenciais de 28 de julho no país.
O partido da oposição Vente Venezuela (VV), liderado pela ex-deputada María Corina Machado, disse, num comunicado de imprensa, que as manifestações tiveram lugar em 60 cidades de países como os Estados Unidos, Espanha, Suécia, Israel, Itália, Austrália, Nova Zelândia, Bélgica e Países Baixos.
Na Venezuela são frequentes as queixas de familiares de detidos no âmbito dos protestos pós-eleitorais, denunciando que têm de viajar centenas de quilómetros para tentar, muitas vezes sem sucesso, visitar os familiares detidos.
Em 18 de outubro último, dezenas de familiares de presos políticos protestaram em Caracas, junto da sede do Ministério de Serviço Penitenciário, para exigir que os detidos sejam tratados de maneira digna.
Denunciaram que as condições de detenção são deploráveis, que recebem alimentos em mau estado e que os funcionários penitenciários se recusam a receber alimentos e artigos de higiene pessoal para entregar aos detidos.
A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória ao atual Presidente do país, Nicólas Maduro, com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente.
Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.
O regime de Caracas diz estar em curso um golpe de Estado, mantendo nas ruas milhares de polícias e militares para controlar os manifestantes, e pediu à população que, de maneira anónima e através da aplicação VenAPP, denuncie quem promove os protestos.
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