Oito funcionários ou responsáveis dessas empresas foram igualmente indiciados, e dois deles foram detidos, acrescentou Garland numa conferência de imprensa, sublinhando que este caso é uma “estreia” para a justiça norte-americana.
Uma das empresas é acusada de ter sozinha “feito entrar nos Estados Unidos mais de 200 quilogramas de precursores químicos com o objetivo de produzir mais de 50 quilogramas de fentanil, uma quantidade suficiente para matar 25 milhões de norte-americanos”, indicou.
O fentanil, um opiáceo sintético 50 vezes mais forte que a heroína, é atualmente a principal causa de morte dos cidadãos norte-americanos com idades entre os 18 e os 49 anos.
A China proibiu as exportações de fentanil para os Estados Unidos em 2019, uma decisão saudada pelo Governo do então Presidente norte-americano, o Republicano Donald Trump.
Mas, segundo os especialistas, o país continuou a fornecer os precursores químicos do fentanil, sobretudo ao México e à América Central, onde cartéis produzem a droga antes de a exportarem para os Estados Unidos.
Pequim negou no passado qualquer responsabilidade na crise de sobredoses de fentanil, atribuindo a culpa à sociedade norte-americana e suas empresas farmacêuticas.
Nos Estados Unidos, as mortes relacionadas com sobredoses de opiáceos aumentaram nos últimos anos, passando de 69.000 em 2020 para 81.000 em 2021 e 110.000 em 2022.
Recentemente, Washington tinha já sancionado várias empresas chinesas acusadas de envolvimento no tráfico desta droga.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, convidou hoje os países membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) para se juntarem à aliança internacional liderada por Washington contra o tráfico de fentanil.
“Hoje, lançamos uma nova aliança global para enfrentar as ameaças à segurança e à saúde pública causadas pela produção e tráfico de fentanil e outras drogas sintéticas. Encorajamos os países da região a unir-se neste esforço”, declarou Blinken, na 53.ª Assembleia-Geral da OEA, realizada na capital norte-americana.
Blinken afirmou que os Estados Unidos têm sido os principais afetados pelo consumo de fentanil, mas advertiu de que se trata de “um problema que está a alastrar”, especialmente no continente americano.
“Não há um único país no nosso continente que não vá ser afetado por este flagelo ou pelos grupos do crime organizado transnacional que com ele lucram. A única forma de enfrentarmos isto é unidos”, sustentou.
Blinken anunciou também hoje a convocação para 07 de julho de uma reunião virtual de ministros de todo o mundo, com o objetivo de fundar uma aliança internacional contra os opioides.
A intenção do Departamento de Estado norte-americano é que essa aliança volte a reunir-se no âmbito da 78.ª Assembleia-Geral da ONU, para partilhar políticas e progressos no combate ao fentanil.
O tráfico desta substância foi um dos temas abordados por Blinken na sua recente viagem à China, país que novamente voltou a negar qualquer responsabilidade na sua exportação.
Também o Presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, negou que no seu país exista um problema com o fentanil e acusou os Estados Unidos de não fazerem o suficiente para impedir o consumo dentro do seu próprio território.
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