"Já estão encomendados cerca a de 200 quilos de bacalhau e 200 de cabrito mas ainda é cedo para dizer se chega ou se vai sobrar porque o número de convidados ainda não é certo. Também já me ofereceram duas vitelas, ovos e leite. Tudo caseiro", explicou José da Silva Vieira, o mordomo da Cruz em Fontão.
Todos os anos é escolhido, entre a população daquela freguesia do concelho de Ponte de Lima, com cerca de 900 a mil habitantes, um responsável pela organização do almoço de domingo de Páscoa, para o qual são convidados todos os residentes na freguesia.
O empresário do setor automóvel, de 47 anos disse estar "muito feliz" por ter sido "escolhido" para mordomo para "poder ajudar a manter viva uma tradição secular na freguesia".
"Já fiz todas as festas da freguesia só me faltava esta. Estou muito feliz e com a sensação de dever cumprido", disse José Vieira.
O mordomo de Fontão disse "ser cedo para fazer contas" ao que vai gastar com o almoço de "até porque recebe muita ajuda das pessoas da freguesia".
"As pessoas unem-se em torno do mordomo para que tudo corra bem", explicou, adiantando que o repasto vai ser servido "numa tenda com 500 metros quadrados" que vai instalar na sua casa.
O empresário, recebeu o ramo da cruz no almoço do ano passado e referiu que "ainda não escolheu" a próxima pessoa que vai nomear para garantir a tradição em 2019".
Segundo José Vieira, a organização do tradicional almoço pascal na freguesia de Fontão "dá muito trabalho e implica uma grande logística e um grande apoio da família".
"A minha esposa é uma grande ajuda na preparação do almoço e os meus filhos também", disse.
A confeção do almoço "fica a cargo das mulheres da aldeia, os rapazes e raparigas ajudam a servir e os pratos incluídos no menu".
O repasto inclui, entre outras iguarias típicas da região, um prato de bacalhau, outro de cabrito e vitela, arroz doce, leite creme e o habitual bolo da Páscoa.
O repasto deverá prolongar-se durante mais de três horas, entre as 13:30 e as 17:00. A escolha do mordomo do ano seguinte é sempre um dos momentos altos da refeição.
A mulher do anfitrião, "braço direito na organização do evento" tem ainda a tarefa de entregar o raminho de laranjeira ao novo mordomo.
De ramo da cruz na mão, a mulher do anfitrião percorrerá as diversas mesas, simulando deixá-lo aqui e ali e pregando vários sustos aos convivas, até o depositar definitivamente nas mãos do eleito.
Além de dar de comer a quase toda a freguesia, o mordomo tem ainda que, durante um ano, assegurar a limpeza da igreja e os serviços do sacristão.
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