Cerca de 250.000 pessoas, mais que o triplo do número autorizado pela polícia, reuniram-se a 2 de julho em Hathras, cidade próxima do Taj Mahal, para ouvir o religioso.

Os organizadores inicialmente atribuíram a uma tempestade de poeira a causa do movimento de pânico, mas testemunhas afirmam depois que, quando Bhole Baba ia a sair do recinto, a multidão seguiu-o tendo provocado um tumulto ao tentar tocá-lo.

Incidentes fatais são comuns em locais de culto na Índia durante grandes eventos religiosos, recorda a AFP. O país tem inúmeros gurus ou “homens de Deus”, adorados pelos seguidores devido a "milagres" e que frequentemente são presenteados com dinheiro em sinal de devoção.

Antes da tragédia, poucas pessoas ou quase ninguém noutras paragens da Índia tinha ouvido falar de Bhole Baba, cujo nome real é Suraj Pal. Nasceu em Uttar Pradesh, numa família de agricultores, foi agente da polícia em Agra - cidade do Taj Mahal - antes de se aposentar na década de 1990 para seguir a devoção religiosa, segundo revela o Indian Express.

O homem ganhou grande popularidade entre os mais pobres e também entre as castas mais desfavorecidas, como os jats, que têm um grande peso político em Uttar Pradesh, onde Bhole Baba administra um mosteiro, em Mainpuri, não muito longe do local onde ocorreu a tragédia. Os seus sermões semanais atraem milhares de pessoas, especialmente mulheres. Estes encontros para oração  têm grande alcance nas redes sociais.

Imagens das reuniões anteriores mostram-no completamente vestido de branco, sentado numa cadeira ricamente ornamentada, dirigindo grandes multidões de devotos, a maioria mulheres. "Se distribuir flores, receberá grinaldas em troca", pregava num sermão transmitido pelo YouTube, exaltando as virtudes da bondade.

"Tudo o que diz é 'não roube, não faça o mal e seja honesto'", resume Ram Sanai, uma mulher de 65 anos que estava entre a multidão na terça-feira. Ele insta as pessoas a não consumirem muito álcool e oferece conselhos às mulheres vítimas de violência doméstica.

"Aqueles que participam dos encontros dizem que todos os problemas são resolvidos quando voltam para casa", afirma.

Caso de polícia

A polícia indiana informou que prendeu seis pessoas após o tumulto. "Seis pessoas foram presas", indicou o inspetor-geral da polícia, Shalabh Mathur.

"Trabalhavam principalmente como voluntários. Dedicavam-se à gestão de multidões e a arrecadar fundos", acrescentou.

Onde está o guru?

O guru hindu não está escondido, afirmou o advogado na quinta-feira, e "segue as instruções" da polícia, que prendeu seis pessoas pela tragédia.

"Não tem motivos para se esconder (...) acredita na lei e está a seguir as instruções da polícia", afirmou o A.P. Singh.

"Uma investigação está em curso. Participaremos dela", acrescentou o advogado, antes de insistir que o seu cliente não é responsável pela tragédia.

Bhole Baba, ex-agente da polícia que se tornou guru, não é visto em público desde a tragédia.

Segundo a imprensa local, ele está no seu mosteiro em Mainpuri, em Uttar Pradesh (norte da Índia), e as portas do local terão sido trancadas por dentro pelos devotos.

A polícia esteve em frente ao mosteiro, na quinta-feira, mas não entrou no local, noticia a agência.

As autoridades autorizaram apenas 80.000 pessoas a participar da peregrinação, menos de um terço das 250 mil que estiveram no local.