Dezenas de pessoas saíram às ruas de Damasco, segundo a AFP, para celebrar a queda do regime que era controlado há mais de meio século pela mesma família. Várias pessoas atacaram a estátua de Hafez al-Assad, pai de Bashar al-Assad.
Na praça dos Omeias, o barulho dos tiros e sinais de alegria misturava-se com os gritos de "Allahu Akbar" ("Deus é grande").
"Esperávamos por este dia há muito tempo", disse Amer Batha por telefone à AFP. "Não posso acreditar que estou a viver este momento", acrescentou, sem conter as lágrimas de alegria. Na televisão pública, os rebeldes anunciaram a queda do "tirano" Bashar al-Assad e a "libertação" de Damasco.
Também afirmaram que libertaram todos os prisioneiros "detidos injustamente" e pediram a proteção das propriedades do Estado sírio "livre".
Os rebeldes também anunciaram "a fuga" do presidente numa mensagem no Telegram: "Assad saiu da Síria pelo Aeroporto Internacional de Damasco antes que os membros das Forças Armadas e de segurança abandonassem o local", disse à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio para Direitos Humanos (OSDH), uma ONG com sede no Reino Unido que tem uma ampla rede de fontes dentro da Síria.
O líder do grupo islamista radical Hayat Tahrir al Sham (HTS), Abu Mohammad al Jolani, pediu aos seus combatentes que não se aproximem das instituições públicas e afirmou que devem permanecer sob a autoridade do primeiro-ministro até a "transferência oficial" do poder. As tropas do governo também perderam o controle da cidade de Daraa, berço da revolta de 2011 e localizada a sul da capital, perto da fronteira com a Jordânia.
O Hezbollah libanês, um apoio crucial de Assad, retirou suas forças das imediações de Damasco e da região de Homs, no oeste do país, informou à AFP uma fonte do movimento.
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que Assad "fugiu de seu país" depois de perder o apoio da Rússia.
“Al-Assad ssad foi-se embora. Ele fugiu do seu país. O seu protetor, a Rússia, liderada por [o Presidente] Vladimir Putin, já não o queria proteger”, escreveu Trump na rede social Truth Social. O atual presidente dos EUA, Joe Biden, está "com atenção os acontecimentos extraordinários" em curso na Síria.
Entretanto, a Rússia anunciou que Bashar al-Assad "renunciou" e saiu da Síria, mas não revelou para onde.
A Síria é cenário de guerra civil desde a violenta repressão em 2011, pelo regime de Assad, das manifestações pró-democracia no país, no contexto das denominadas "primaveras árabes".
Após anos de estagnação, a 27 de novembro uma aliança rebelde liderada por islamitas iniciou uma ofensiva relâmpago no noroeste do país. Os insurgentes conquistaram rapidamente várias cidades, com o objetivo de chegar a Damasco e derrubar o presidente. Também pediram aos sírios que fugiram para o exterior, devido ao conflito, que retornassem para uma Síria "livre".
A guerra deixou meio milhão de mortos desde 2011 e dividiu o país em zonas de influência, com forças beligerantes apoiadas por potências estrangeiras. Num vídeo publicado no Facebook, o primeiro-ministro sírio, Mohamed al-Jalali, afirmou que está disposto a cooperar com qualquer nova "liderança" eleita pelo povo.
Notícia atualizada às 12h01.
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